Gaza em campanha apesar da polémica do recenseamento
9 de setembro de 2019O caso do recenseamento em Gaza continua a ser polémico em Moçambique, com o Instituto Nacional de Estatística (INE) a prometer agora resolver o assunto até dezembro, já depois das eleições gerais de 15 de outubro. Apesar da polémica, a campanha eleitoral está desde 31 de agosto nas ruas da província, num ambiente tranquilo e ordeiro.
A RENAMO, o maior da oposição, não esquece, no entanto a disparidade dos dados sobre o número total da população em idade eleitoral em Gaza. Mouzinho Gondorujo, cabeça-de-lista da RENAMO, diz que a projeção do STAE, o Secretariado Técnico de Administração Eleitoral, de mais de um milhão e cem mil eleitores, contra os cerca de 800 mil do INE, visa travar o avanço dos partidos da oposição.
"Aqui em Gaza, aqueles números tendo em conta os resultados que aposição teve no ano passado, este STAE viu-se forçado em partir para manobras de projeções de números para contrariar essa tendência do voto da própria oposição, ciente daquilo que está a acontecer estamos a fazer agora, é um trabalho de base a nível dos distritos no sentido de garantir a maior fiscalização deste processo eleitoral”, afirmou o candidato da RENAMO para Gaza.
Já na visão da FRELIMO o número de inscritos é fruto do trabalho junto dos potenciais eleitores. Para o secretário provincial de mobilização, propaganda e órgãos sociais do partido, Almeida Guelume, se há alguém que deve ser questionado sobre os números são os mandatários que estão na comissão provincial de eleições.
″Estamos a falar de uma província que está em franco crescimento em termos do ensino superior e há entrada de irmãos que vêm de outras províncias para frequentar o ensino superior e outros serviços que procuram a nível da nossa província, se for para serem inquiridos só pode as pessoas que os partidos políticos mandataram para acompanhar a par e passo”, explicou Guelume.
FRELIMO e RENAMO seguem a todo vapor
A RENAMO, segundo partido mais votado em Gaza nas autárquicas de 2018, atrás da FRELIMO, o partido no poder, aposta numa campanha porta-a-porta. Mouzinho Gondorujo promete mais postos de trabalho para os mais jovens, caso seja eleito governador: "Viemos pedir o seu voto jovem, para nós a juventude é o pilar da nação, iremos trazer muito desenvolvimento, iremos apostar na juventude no emprego”.
Os dois maiores partidos, RENAMO e FRELIMO, desdobram-se em reuniões populares em Gaza para conquistar o eleitorado e encontram-se com funcionários públicos e organizações da sociedade civil.
Margarida Mapandzeni é cabeça de lista da FRELIMO em Gaza e garante que "votar na FRELIMO, significa votar na continuidade para nos dar mais centros de saúde nos nossos distritos para nos dar mais escolas para continuar a nos dar ensino gratuito"i.
300 mil eleitores “extra” são um insulto para o MDM
Por sua vez, o MDM, a segunda maior força da oposição, com a cabeça de lista Clara Mucavele, a única mulher a integrar a lista de candidatos a governadores provinciais dopartido, tem organizado desfiles de apelo ao voto pela mudança e boa governação.
Hermínio Mahanungu é membro sénior do MDM e garante a confiança do seu partido: "Votando no MDM é depositar a sua confiança em nós para que possamos trazer mudanças. Esta estrada mãe está assim nem sei à quanto tempo sem pavimento. Sabes que a província de Gaza não tem nenhuma empresa? Quando formos a ganhar tem que haver empresa aqui, emprego para todos”.
Entretanto, o delegado do MDM na cidade de Xai-Xai, Alquedino Mavie, lamenta a representatividade do partido na Comissão Provincial e classifica o caso dos mais de 300 mil eleitores “extra” como um insulto.
″Na comissão são dezasseis e tirando os dois do MDM ficam catorze e os dois votos contra do MDM, praticamente são nulos, repudiamos bastante. O processo eleitoral começou com ilícitos e neste momento período de campanha estamos a verificar muitos ilícitos, então recensear acima de trezentos e vinte e cinco mil eleitores fantasmas, alguns que já morreram, alguns ainda no ventre das suas mãe, então é um insulto″, contesta Mavie.
Reforço da observação eleitoral
Perante a polémica, Carlos Mhula, da Liga dos Direitos Humanos, apela ao sentido prático dos partidos. "As cifras estão lá e tudo indica que não serão alteradas”, diz o analista, "por isso resta reforçar a observação em todas as assembleias de voto”.
Carlos Mhula ainda afirma que não há favoritos na corrida ao cargo de governador, refere que é importante chegar a mensagem política ao meio rural, onde estão mais de 70% dos eleitores e onde escasseiam as tecnologias de comunicação e informação.
"Não há favoritos, o que devem (fazer) é o trabalho político a nível das zonas rurais, um trabalho sério. O eleitor de 1994 tinha estereótipo de guerra, hoje o jovem que entra nas eleições, ele quer ver os seus problemas de emprego, de habitação e o seu bem estar social resolvido", disse Mhula.