Nampula: Troca de acusações entre RENAMO e FRELIMO
8 de março de 2018Quando faltam apenas quatro dias para o fim da campanha eleitoral para a segunda volta da eleição intercalar no município de Nampula, o partido RENAMO veio ao público acusar a FRELIMO de perpetrar algumas irregularidades que poderão manchar todo o processo eleitoral.
Ossufo Ulane, porta-voz da RENAMO na cidade de Nampula, disse aos jornalistas que "o candidato da FRELIMO está a fazer campanha nas escolas, impedindo que tenham lugar as aulas". Como exemplo, citou "a escola de Muegane, onde foi convocada uma reunião de todos os professores que contou com o apoio do diretor do referido estabelecimento escolar".
"Isto é grave e o pior ainda é que todas essas iniciativas da FRELIMO têm sido acompanhadas pela Polícia da República de Moçambique", lamentou.
Ameaças e denúncias na campanhaO porta-voz da RENAMO também acusou a FRELIMO de estar a transportar pessoas dos distritos fora da cidade de Nampula para votar no seu candidato no próximo dia 14 de março.
Ulane acrescentou que alguns idosos foram ameaçados de que "poderão parar de receber a sua pensão de velhice, que recebem do Instituto Nacional de Segurança Social, caso não votem na FRELIMO". "As pessoas devem compreender que a instituição não pertence à FRELIMO", sublinhou. "A outra denúncia diz respeito ao transporte de pessoas dos distritos, incluindo agentes da polícia, para fazerem campanha no município de Nampula até à fase da votação. Queremos avisar as pessoas que vêm para a cidade de Nampula: se ocorrerem situações menos agradáveis, a RENAMO não se responsabiliza", disse.
Ossufo Ulane fez, por outro lado, uma avaliação positiva da campanha do seu partido, desde o início, não obstante a detenção de um membro da sua formação política no primeiro dia, entretanto posto em liberdade.
"A RENAMO está desesperada"
A FRELIMO, através de Lucinda Malema, porta-voz do candidato, refuta todas essas alegações e diz que o seu partido respeita as leis. Segundo Malema, as denúncias feitas pela RENAMO fazem parte do sinal de desespero que reina no seio do partido da oposição, que já está à procura de culpados numa provável derrota."Queremos dizer de viva voz que a FRELIMO não está a violar o processo eleitoral. A lei existe e é para ser aplicada. Caso a RENAMO sinta que a mesma está ser violada, nós temos os órgãos eleitorais onde pode apresentar uma queixa", sublinha.
E os recados à RENAMO continuam: "Não confirmamos que o nosso candidato tenha feito campanha em plena hora de trabalho numa escola. A RENAMO deve apresentar provas disso. Não venham colocar questões sem fundamento só porque a RENAMO está com medo da FRELIMO. Estamos a trabalhar para que o nosso candidato ganhe a eleição no dia 14 de março".
Refira-se que a campanha eleitoral para a segunda volta da eleição intercalar termina no próximo dia 12 de março e dois dias depois terá lugar a votação.
Amisse Cololo, candidato da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), e Paulo Vahanle, pela Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), que obtiveram, no primeiro escrutínio, 44,5% e 40,32% dos votos, respetivamente, estão na corrida para a presidência da autarquia, num pleito eleitoral marcado depois de o presidente, Mahamudo Amurane, ter sido assassinado a tiro à porta de casa, a 4 de outubro de 2017 - um crime que ainda está sob investigação.