São Tomé e Príncipe vai a uma segunda volta eleitoral
19 de julho de 2021Segundo os resultados provisórios, anunciados esta segunda-feira (19.07) pela Comissão Eleitoral Nacional (CEN), Carlos Vila Nova, apoiado pela Ação Democrática Independente (ADI, oposição) foi o candidato mais votado, com 39,47% (32.022 votos), seguido de Guilherme Posser da Costa (Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe – Partido Social Democrata, no poder), com 20,75% (16.829 votos).
Os dados foram hoje anunciados pelo presidente da CEN, Fernando Maquengo, na sede deste organismo, na capital são-tomense, numa declaração em que se limitou a indicar os resultados de cada um dos 19 candidatos às presidenciais deste domingo, sem direito a perguntas da imprensa.
Em terceiro lugar ficou Delfim Neves, presidente da Assembleia Nacional e apoiado pelo Partido da Convergência Democrática (no poder), com 16,88% (13.691 votos), que já anunciou que vai contestar os resultados por "fraude massiva".
Momentos antes da divulgação dos resultados, Carlos Vila Nova reivindicou a vitória, alertando para a possibilidade de fraude eleitoral: "Não disse que não aceitaria. Disse que são os nossos dados. O facto de a Comissão Eleitoral não se pronunciar, coloca-nos na posição de afirmar que os nossos dados são os corretos", referiu.
Delfim Neves vai impugnar sufrágio
O candidato Delfim Neves, que dados preliminares colocam em terceiro lugar após a votação de domingo, afirmou esta segunda-feira que houve "fraude massiva” e que vai contestar os resultados.
"Houve fraude massiva. Vamos contestar os resultados. O que estamos a fazer num primeiro momento é solicitar a recontagem dos votos [nas mesas] onde não estamos representados", disse hoje Delfim Neves, em conferência de imprensa na sede de candidatura, na capital são-tomense.
"Os resultados que estão nas atas não correspondem ao que está no interior das urnas. Nós vamos introduzir este pedido para que haja uma resposta clara sobre esta situação", afirmou.
Em causa estão as mesas onde a candidatura de Delfim Neves não estava representada - por lei, cada mesa pode ter até cinco representantes, um por candidatura. Uma vez que nesta eleição havia 19 candidatos, a sua candidatura apenas teve representantes em 84 das cerca de 300 mesas.
"A contestação é profunda. Não é aceitável em país nenhum, nem na Europa, China, um lugar qualquer, o candidato que fez a melhor campanha, durante três meses, atendeu todas as necessidades e passou a sua mensagem, a que o povo aderiu. (…) De repente passa para terceiro lugar e com votos residuais. Ao menos que sejam votos que sejam aceitáveis", sustentou.
Nota positiva
A missão de observação da Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEAC) deu nota positiva pela forma como decorreram as eleições em São Tomé e Príncipe.
No entanto, a CEAC constatou a ausência de muitos delegados das candidaturas nas assembleias de voto.
"A missão notou ainda uma certa lisura nos discursos e atos dos candidatos", referiu fonte missão de observação que destacou ainda o "clima pacífico em todo o terrotório nacional".
Mais de 120 mil eleitores foram chamados às urnas no domingo para eleger o próximo Presidente de São Tomé e Príncipe. Na disputa estavam 19 candidatos. O quinto Presidente da República no regime multipartidário, instaurado em 1991, deverá ser conhecido só após a segunda volta, que se deve realizar a 8 de agosto.