Eleições intercalares nos EUA: Prova dos nove para Trump?
6 de novembro de 2018Nas últimas semanas, o Presidente dos Estados Unidos da América andou em campanha pelo país, a um ritmo quase diário. Tal como um lutador de boxe quando entra no ringue, Donald Trump gosta de aparecer em estádios a abarrotar com milhares de apoiantes.
As suas mensagens são simples, mas ficam na memória. "Os democratas fazem protestos, os republicanos geram empregos", disse num comício em Missoula, em Montana, no noroeste dos EUA.
O discurso de Donald Trump não mudou muito desde as eleições presidenciais realizadas há dois anos. Nos comícios mais recentes, continuou a atacar os resultados económicos e políticos do mandato de Barack Obama. E na reta final da campanha, Trump fez da imigração o principal tema.
A caravana de refugiados vindos da América Central serviu para retomar o tema da segurança interna, com o Presidente a prometer enviar milhares de militares para guardar a fronteira com o México. "Os democratas não se importam que uma onda de imigração ilegal leve o nosso país à falência", declarou.
Donald Trump não está preocupado com os eleitores indecisos. Prefere apostar em mensagens dirigidas aos medos e preocupações daqueles que o apoiam. E nas últimas semanas houve, de facto, um aumento significativo da motivação entre os eleitores republicanos.
No entanto, os democratas continuam a ter boas possibilidades de recuperar, pelo menos, a maioria na Câmara dos Representantes. Por outro lado, as previsões indicam que o Partido Republicano manterá o controlo do Senado.
Sobrevivência política de Trump
Se ambas as Câmaras do Congresso ficassem nas mãos dos democratas, as consequências para Trump seriam devastadoras, diz o cientista político David Barker, da American University em Washington. "Para Trump, é uma questão de sobrevivência política. Desde o primeiro dia do seu governo, a impugnação tem sido uma ameaça. E isso poderia acontecer se os democratas conseguissem a maioria no Congresso", explica.
Se os democratas conquistassem a Câmara dos Representantes, teriam o direito de investigar possíveis escândalos que envolvam o Presidente através de comissões de inquérito. E, nesse caso, Trump já não poderia governar o país como tem feito até aqui.
Há quatro anos, Obama também sofreu uma derrota pesada nas intercalares, tal como já tinha acontecido com George W. Bush e Bill Clinton. Agora, Donald Trump quer evitar esse cenário a todo o custo.
Nesta ida às urnas, nem todos os norte-americanos serão iguais. Na Geórgia, por exemplo, milhares de eleitores, sobretudo afro-americanos, foram excluídos das listas e não vão poder votar. Entre 2014 e 2016, 16 milhões de pessoas não puderam exercer o seu direito de voto nos EUA, segundo números da instituição não-governamental Brennan Center for Justice.