Eleições na Alemanha: Em quem votariam os "madgermanes"?
Os alemães elegem a 22 de setembro um novo Parlamento e vão decidir se a chanceler Angela Merkel, que atualmente governa numa coligação entre os cristãos democratas da CDU/CSU e os liberais do FDP, continua para um terceiro mandato consecutivo.
O interesse internacional nas eleições alemãs é grande nos países europeus em crise como Portugal, Grécia e Espanha. Em África, a eleição na Alemanha não parece, à primeira vista, ter grande impacto, mas os moçambicanos que passaram pela antiga República Democrática Alemã (RDA) têm uma opinião formada. Se as eleições fossem decididas pelos antigos trabalhadores moçambicanos, conhecidos por "madgermanes", o resultado seria uma vitória clara para a atual chanceler Angela Merkel.
Economia alemã atesta competência de Merkel
"Ela vai ganhar. Ela manteve a economia forte, estabilizada, é a maior economia da Europa, não sofreu nenhum dano... Eu acho que ela deve continuar", defende Arnaldo Mendes, comerciante que trabalhou três anos na antiga Alemanha Oriental. "Se eu pudesse votar, votava nela", frisa.
Para este homem de 47 anos, a estabilidade política e económica da Alemanha é fruto da boa governação da chanceler, a quem não atribui responsabilidades na hora de esboçar o quadro da crise na Europa.
"Internamente a economia alemã não tem problemas, ao contrário dos países do Sul da Europa que têm problemas por causa das fragilidades do passado. Oxalá que a Alemanha use o seu potencial económico para ajudar essas economias e não colonizá-las através do sistema financeiro", defende.
A culpa da crise é dos países que a têm
Zeca Cossa, também comerciante, de 51 anos, oito dos quais a trabalhar na Alemanha, sabe quem é o candidato do maior partido da oposição, o social democrata Peer Steinbrück. Mas não é nele em quem deposita expectativas.
Este antigo trabalhador moçambicano na Alemanha acredita que a atual chanceler vai obter maioria absoluta e avançar para um terceiro mandato. A crise que abala Portugal e Grécia, segundo ele, não deve ser associada a Angela Merkel.
"A crise não foi orquestrada por ela. A crise é destes países que nunca produziram para contar para o futuro", explica.
O eletricista Justino Muetse, de 53 anos, dez dos quais a trabalhar na Alemanha, também associa Angela Merkel à austeridade, mas, ao contrário de Zeca Cossa e Arnaldo Mendes, vê em Peer Steinbrück um bom sucessor para a chefe do Governo alemão.
A decoradora Emília Duvane, que trabalhou três anos na Alemanha, afirma que não está muito ligada a atualidade nesse país. "Estou muito mais ligada à política de Moçambique", justifica, sem saber apontar uma vitória entre os candidatos.
Porém, a maioria dos madgermanes que se interessa pela política germânica acredita que os alemães vão confirmar a boa governação de Angela Merkel e dar-lhe carta branca para um terceiro mandato nas eleições de 22 de setembro.