Eleições na Guiné-Bissau podem ser adiadas, admite Ramos-Horta
6 de setembro de 2013
A informação foi dada por José Ramos-Horta quando falava, na quinta-feira (05.09), num encontro com jornalistas, em Nova Iorque, nos Estados Unidos, onde participou numa reunião com os 15 membros do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).
De acordo com o centro de informação da ONU, Ramos-Horta referiu: "é preferível que as eleições se realizem a 24 de novembro, mas se forem adiadas é para uma data muito próxima". O representante da ONU na Guiné-Bissau deixou o alerta: um atraso mais significativo pode "desestabilizar a situação política e colocar em risco tudo o que já se conquistou".
Amnistia para autores do golpe de 2012
Entretanto, o governo de transição da Guiné-Bissau anunciou pretender que os militares que protagonizaram o golpe de Esatdo, em abril de 2012, sejam amnistiados antes da realização das eleições gerais. A lei vai ser discutida na Assembleia Nacional Popular até à próxima terça-feira (10.09).
De lembrar que, um mês após o golpe que depôs o governo eleito, a maioria dos partidos políticos da Guiné-Bissau rubricou um Pacto de Transição para gerir o país até as novas eleições gerais. Nesse acordo ficou assente que seriam amnistiados os autores do golpe de Estado militar.
Para já, o governo defende a lei da amnistia como garante da estabilidade antes do pleito eleitoral. "Entendemos que os guineenses devem reconciliar-se, pôr de lado todo o tipo de divergências e essa política de costas viradas, por forma a procurarmos uma paz duradoura e a estabilidade para o país", destacou Fernando Vaz, porta-voz do governo de transição.
Questionado sobre que tipo de amnistia será concedida aos autores do golpe militar, Fernando Vaz disse que tal compete aos deputados decidirem.
Recorde-se que, em 2007, a Assembleia Nacional Popular guineense aprovou uma lei geral de amnistia para todos os crimes de natureza subversiva ou militar cometidos no país desde a independência até 2004. Na altura, a lei foi bastante criticada.
"Cadogo" pode regressar ao país para viver como qualquer cidadão guineense
Também o Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, Antonio Indjai, defende que é preciso que os guineenses se unam para a estabilização do país.
Nesse sentido, Indjai terá dito que não tem nada contra o regresso de Carlos Gomes Júnior, antigo primeiro-ministro, deposto por ele no golpe de Estado.
A garantia foi deixada pelo recém-promovido brigadeiro-general Daba Na Walna, porta-voz do exército: "'Cadogo' pode voltar a qualquer momento ao seu país porque é um cidadão nacional, mas com a condição de vir para aqui viver como qualquer outro cidadão e com a segurança que é dispensada a qualquer guineense", disse.
Entretanto, após receber a patente de general de quatro estrelas, António Indjai garantiu que doravante os militares vão submeter-se ao poder político para a estabilização do país.
"Vou empenhar-me mais, vou redobrar as minhas forças para mudar a situação das Forças Armadas, porque temos que nos subordinar ao poder político neste país. Não podemos ser sempre motivos de problemas", prometeu o Chefe do Estado-Maior do exército guineense.
Os militares dizem estar fartos de ver seus nomes na imprensa como traficantes de droga na Guiné-Bissau. Assim solicitaram a criação de uma comissão de inquérito internacional para se saber quem é que realmente vende drogas no país, avançou Daba Na Walna.
"Que se crie o quanto antes uma comissão com a tarefa de investigar e descobrir se, de facto, o Chefe do Estado-Maior está envolvido ou se existem outras pessoas envolvidas no tráfico de droga para que as pessoas sejam responsabilizadas", afirmou o porta-voz do exército.
Novas patentes para vários oficiais das FA guineenses
Na quarta-feira (04.09), foram entregues novas insígnias a 18 oficiais dos diferentes ramos das Forças Armadas.
Tratou-se de conformar as patentes militares com as funções que os oficiais já desempenham, há alguns anos, e com o vencimento que já estavam a receber - esclareceu o Chefe de Estado Guineense, Serifo Nhamadjo.
"Não há nenhuma pretensão de agradar as Forças Armadas ou promover simplesmente por promover pessoas. Simplesmente quisemos aplicar as normas instituídas desde 2000", justificou Nhamadjo.
Sobre as novas insígnias, o general Indjai disse que em condições normais não seria ele a ser graduado com a patente mais alta das Forças Armadas da Guiné-Bissau.