Eleições na Tanzânia podem significar mudança histórica
14 de outubro de 2015Esta será a quinta vez que o país realiza eleições, desde a restauração do sistema multipartidário em 1992. O Presidente em exercício, Jakaya Kikwete, não pode ser eleito para um terceiro mandato devido a um limite de dois mandatos.
As campanhas políticas começaram em 22 de agosto. O partido Chama Cha Mapinduzi (CCM), no poder na Tanzânia, escolheu John Magufuli como seu candidato presidencial.
O ex-primeiro-ministro Edward Lowassa, que chegou a ser considerado um dos principais candidatos, foi rejeitado e concorre agora pela União dos Defensores da Constituição do Povo, uma coligação de quatro partidos da oposição.
Também o ex-primeiro-ministro Frederick Sumaye deixou o partido no poder para acompanhar Lowassa. A deserção dos dois políticos faz com estas eleições sejam vistas como uma "batalha de titãs".
O partido no poder reage apelando à mudança com uma campanha sob o slogan "poder popular", que atrai multidões aos comícios. Mas são muitos os pontos críticos destas eleições.
Luta contra a corrupção
A disparidade entre pobres e ricos é atualmente mais acentuada do que quando o Presidente Kikwete assumiu o cargo em 2005, prometendo acabar com a corrupção. O seu Governo tem sido abalado por uma série de escândalos de corrupção de alto nível.
O analista da Fundação alemã Konrad Adenauer na Tanzânia, Richard Shaba, afirma que não existe vontade política de lutar contra a corrupção. "A posição atual é: temos todos estes instrumentos para combater a corrupção, mas não parecem estar a funcionar", explica.
Enquanto o manifesto eleitoral do CCM aponta como áreas prioritárias a luta contra a corrupção, a redução da pobreza, o desemprego juvenil e a manutenção da paz, para a oposição, as principais prioridades seriam a educação, a saúde, a agricultura e a infraestrutura.
Além da irrisória presença feminina entre os candidatos, com apenas uma mulher concorrendo à presidência, a proposta de uma nova Constituição tem gerado debates acesos. A oposição propõe um Executivo dividido em três: Tanganyika, Zanzibar e Governo da União. O partido no poder opõe-se.
A proposta do partido no poder seria impopular, diz Humphrey Polepole, ex-membro da dissolvida Comissão de Revisão Constitucional. "Não podemos escrever uma nova Constituição que não representa e respeita as opiniões dos tanzanianos ", salienta.