Eleições no Mali de 2013: Um novo começo?
Gao, nas margens do rio Níger, é a cidade comercial mais importante do norte do Mali. As mercadorias são transportadas pelo rio em grandes canoas. Gao também abastece a cidade de Kidal. A normalidade regressa lentamente.
Gao anseia por normalidade
Gao, nas margens do rio Níger, é a cidade comercial mais importante do norte do Mali. As mercadorias são transportadas pelo rio em grandes canoas. Gao também abastece a cidade de Kidal.
De centro de comércio a teatro de guerra
Com a chegada do Movimento Nacional de Libertação de Azawad (MNLA), em março de 2012, a vida agitada da cidade mudou drasticamente. “Eles destruíram tudo”, queixa-se Mamai, que trabalha como vigilante na escola católica de Gao, da qual só resta o edifício. Por que é que fizeram isso? Mamai encolhe os ombros: “Só queriam causar estragos. Não encontro outro motivo.”
Confrontos em Gao deixam marcas
Rapidamente o MNLA teve de devolver o poder. Em abril de 2012, houve batalhas com o Movimento para a Unidade e a Jihad na África Ocidental (MUJAO). O movimento derrotou os rebeldes tuaregues e estabeleceu a sua sede numa esquadra da polícia em Gao. Testemunhas dos renhidos confrontos são os buracos aí deixados pelas balas.
Edifício da polícia é tabu
Quem quebrou as regras da Sharia, ficou detido no edifício da polícia. Foi aqui que os islamitas mantiveram as mulheres. As mulheres mais bonitas foram levadas para o primeiro andar, onde se encontrava o comando da MUJAO. Seis meses após a libertação da cidade, ainda é tabu entrar no antigo edifício da polícia.
Não há números oficiais de vítimas
Também Faty Walett Mohamed tem saudades do marido. A mãe de seis filhos não sabe onde ele está. Luta todos os dias para, de alguma forma, voltar a reunir a família. Fugir está fora de questão. “Noutros lugares, a situação não é melhor”. Até agora não foram divulgados os números oficiais de vítimas.
Mulheres ficavam em casa
Foram as mulheres quem mais sofreu. Tiveram de se cobrir completamente e mal podiam sair de casa. Além disso, muitas delas trabalhavam no mercado ou vendiam frutas e legumes à beira da estrada.
Túmulo de Askia
O MUJAO não atacou o Túmulo de Askia, Património Mundial da UNESCO. Com a chegada do MUJAO, era grande o receio de que fosse destruído. “Os jihadistas diziam: em Gao, os muçulmanos não vão enaltecer edifícios como em Timbuktu. Por isso, deixem-nos em paz”, relatou um dos guardas do túmulo.
Uma rádio contra a ocupação
O MUJAO ofereceu muitas vezes dinheiro ao jornalista Malick Aliou Maïga para este trabalhar para o movimento. Ele recusou-se e preferiu lutar aos microfones da “Rádio Aadar Koïma Aadar” por uma Gao livre - contra as agressões do MUJAO. Como sinal de gratidão para com os franceses, que ocuparam Gao no final de janeiro de 2013, o estúdio chama-se hoje “Operação Serval”.
Capacetes azuis da ONU ocupam-se da segurança
Os franceses ainda estão presentes na cidade, sobretudo em redor do aeroporto. Os soldados da MINUSMA, a força de manutenção de paz, também se ocupam da segurança. Um grupo de 12 mil soldados começou a trabalhar no Mali no início de julho de 2013. Gao é um dos principais locais da missão.
Falta de infra-estruturas
Mas mesmo que a situação de segurança tenha voltado a ser classificada como melhor, ainda falta algo para se poder voltar à normalidade da vida quotidiana. Em Gao, ainda nenhum banco voltou a abrir. E as atividades económicas continuam difíceis.
Eleições porão fim à crise?
Por isso, muitas pessoas depositam grandes esperanças nas eleições presidenciais de 28 de julho (primeira volta) e de 11 de agosto (segunda volta). Um chefe de Estado eleito democraticamente significa, eventualmente, o fim do governo de transição e uma maior capacidade de acção para o país. A normalidade do dia-a-dia poderia, então, regressar a Gao.
Um país indivisível
Algo particularmente importante é que, apesar dos recentes distúrbios causados pelos rebeldes do MNLA na cidade vizinha de Kidal, muitas pessoas em Gao desejam um Mali unido e pacífico.