Em busca de convergências para "solução em Cabinda"
17 de agosto de 2023Durante muito tempo, a questão do enclave angolano de Cabinda tem sido debatida nas lides políticas nacionais e internacionais. Apesar das contradições quanto à autonomia ou não de Cabinda, um general angolano defende que o MPLA, partido no poder em Angola, tem tudo para honrar o compromisso assumido desde antes da proclamação da independência. No entanto, até hoje, a promessa não terá sido cumprida.
Muitas soluções já foram ensaiadas para resolver a situação do enclave, entre elas, a criação do Fórum Cabindês para o Diálogo, em agosto de 2006. Mas parece não ter surtido o efeito desejado.
Uma reunião denominada Inter-Cabindesa deve acontecer nos próximos tempos, fora de Angola, com o objetivo de estabelecer um denominador comum para a busca da solução para o "Caso Cabinda". A preparação do encontro está em fase de recolha de fundos para a sua efetivação.
A comissão preparatória da conferência Inter-Cabindesa é encabeçada por José Sumbo, general na reforma afeto ao partido no poder, o MPLA. A conferência, ainda sem data marcada, integrará membros de várias forças políticas em Cabinda.
Em entrevista à DW, o General José Sumbo defende negociações entre o Governo angolano e os cabindenses com vista a resolver a questão do enclave: "É somente por via de diálogo responsável que teremos uma solução em Cabinda, pois por via armada ninguém vencerá a guerra em Cabinda, nem a FLEC [Frente de Libertação do Estado de Cabinda], nem as Forças de Defesa e Segurança angolanas", afirma.
"Concertação interna"
O Governo angolano recusa normalmente reconhecer a existência de soldados mortos resultantes de ações de guerrilha dos independentistas, ou qualquer situação de instabilidade naquela província do norte de Angola, sublinhando sempre a unidade do território.
A mais alta patente das Forças Armadas Angolanas em Cabinda, Tukikebi Tussen dos Santos, sublinha que "a província de Cabinda, região do território de Angola, regista estabilidade política e militar, o que permite a livre circulação de pessoas e bens".
Já o secretário-geral da Frente Consensual de Cabinda (FCC), Belchior Lanzo Taty, frisa que a solução deste problema deve partir primeiramente da vontade dos cabindenses e não dos angolanos em geral, que não conhecem a realidade do enclave. "Este não é um problema do Governo angolano, mas sim um problema que deve privilegiar inicialmente uma concertação interna dos cabindenses", defende.
À procura de convergências
O Fórum Inter Cabindês pretende reunir várias sensibilidades da província, desde forças de segurança a organizações da sociedade civil, passando por membros da FLEC.
José Sumbo diz que a ideia é pôr fim aos encontros singulares e buscar convergências para a solução da questão de Cabinda: "Já estamos na fase de preparação do Fórum Inter Cabindês, um encontro que deverá acontecer no exterior para estabelecer um denominador relativamente ao que os cabindenses querem".
O memorando de Entendimento para a Paz e Reconciliação em Cabinda foi assinado há 17 anos. A sociedade civil diz que nada mudou e culpa não só o Governo angolano como também o Fórum Cabindês para o Diálogo.