Em Cabo Verde, Inocêncio Sousa aposta em "ausentes" da primeira volta
16 de agosto de 2011
Cerca de 143 mil cabo-verdianos deixaram de participar da primeira volta das eleições, um índice que chega a quase 47%. Manuel Inocêncio Sousa quer conquistar esses eleitores para que votem em sua candidatura no próximo domingo, 21/8.
E o combate à abstenção é feito de muitas formas. Por exemplo, com uma batucada durante o festival de música da Baía das Gatas, em São Vicente, no último fim de semana. Na ocasião, Sousa revelou um talento desconhecido: o de cantor.
"Nunca cantei, agora dançar, sempre dancei na minha vida, 'Mi ma bô, bô ma mi' é uma música tão familiar neste momento que já canto. Não só 'Mi ma bô, bô ma mi', todas as músicas da minha candidatura são tão boas, tão belas que já entraram no meu espírito. Nos comícios já canto também. E, claro, o Baía das Gatas é um ambiente que estimula qualquer um", diz o candidato.
Com esse espírito, Sousa foi à Boa Vista, ilha de Aristides Lima, candidato que ficou pelo caminho na primeira volta. Na caça aos votos, Sousa conseguiu um importante apoio na Boa Vista: o deputado Walter Évora, que foi ponta de lança de Aristides Lima na ilha na primeira volta.
"Aristides Lima era o meu candidato de preferência, era a pessoa que eu gostaria de ver na presidência da República. Mas tivemos a decisão do voto popular, que eu respeito e aceito. Neste momento temos dois candidatos, e eu decidi apoiar o Manoel Inocêncio, como pessoa, mas também com o fator importante de ter o PAICV", diz Évora.
Eleitores de ex-oponentes
Desde o início da campanha para esta segunda volta, Sousa tem piscado o olho aos 27% de eleitores que votaram em Aristides Lima na primeira volta, e também aos abstencionistas.
"Aos eleitores que votaram na candidatura de Aristides Lima, que mantenham sua disponibilidade de votar nesta segunda volta e que votem na minha candidatura", pede Sousa.
Na mira também estão os 2% de eleitores que votaram em Joaquim Jaime Monteiro. "Apesar de seu candidato não estar mais na competição, que eles votem também no dia 21, e que de preferência votem em Manuel Inocêncio", diz o próprio.
Uma das promessas de campanha de Manuel Inocêncio Sousa é o trabalho para reforçar o poder local em Cabo Verde. Além das propostas, Sousa lança um alerta aos cabo-verdianos: segundo ele, se seu adversário for eleito no dia 21, pode transformar o cargo de chefe de Estado em uma frente de batalha da oposição contra o governo do Primeiro ministro José Maria Neves (PAICV).
"A natureza de alguns discursos que eu ouvi ao longo desta campanha dá a ideia de que eventualmente nós poderemos ter alguma tentação da extensão do braço da oposição para a presidência da República", opina.
Autor: Nélio dos Santos (Boa Vista)
Edição: Francis França / Renate Krieger