Em Moçambique há um projeto que está a apetrechar as salas de aula
13 de junho de 2014As organizações não governamentais da província de Cabo Delgado defendem há muito que as escolas sejam apetrechadas com carteiras escolares, cadeiras e quadros. De acordo com estas associações, não se justifica que, em Cabo Delgado, de onde são exportados grandes volumes de madeira, haja alunos que estudam sentados no chão.
Para combater este problema, o Governo local lançou uma iniciativa que pretende reaproveitar a madeira ilegal apreendida e, ao mesmo tempo, pôr fim à exploração ilícita dos recursos florestais.
Prioridade do Estado
Mariano Jone, responsável pela Direção Provincial de Agricultura de Cabo Delgado, diz que a decisão de transformar a madeira confiscada em carteiras escolares visa apoiar a educação e minimizar o problema da insuficiência de secretárias.
“À madeira cerrada das espécies de primeira classe a prioridade que o Estado está a dar é o fabrico de carteiras”, garante.
O responsável pela pasta da Agricultura na província de Cabo Delgado acredita que esta ação vai ajudar a melhorar a qualidade do ensino e da aprendizagem nas instituições públicas.
“A necessidade de carteiras não interessa apenas ao Governo, mas também aos encarregados de educação e aos agentes económicos que estão interessados em ver a província crescer no âmbito do Índice de Desenvolvimento Humano”, indica.
"Em alguns casos tem sido a própria madeira a cobrir as despesas de fabrico, outros casos são dádivas dos empresários que produzem carteiras com esta madeira”, explica Mariano Jone.
A escola primária de Natite beneficiou recentemente de um lote de 200 carteiras. A escola está localizada no bairro mais populoso de Pemba.
O diretor da escola, Crisanto Victor, assevera que a ação do Governo vai minimizar o sofrimento dos alunos que se viam obrigados a estudarem sentados no chão e, por outro lado, vai ajudar a melhorar o rendimento escolar.
Carteiras ainda insuficientes
“Esta oferta chegou no momento certo”, adianta.
Ainda assim, o diretor da escola primária de Natite entende que o número de carteiras escolares doadas não é suficiente.
"Não direi que estamos sentados no chão desde a independência, mas a verdade é que a dado momento a procura pelo ensino é maior”, justifica.
Por outro lado, Crisanto Victor defende a necessidade de incutir aos professores e alunos a consciência de valorização e conservação das carteiras para que durem mais tempo. É esse o próximo passo.
Apesar da chegada de novas carteiras a alguns estabelecimentos de ensino de Cabo Delgado, ainda existem alunos sentados no chão das escolas, sobretudo porque a população continua a crescer e há cada vez mais crianças.