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Estado de DireitoSudão

Ativistas convocam manifestação popular no Sudão

Reuters
26 de outubro de 2021

Grupos convocam protesto para sábado para exigir regresso do país ao governo civil. Ao menos quatro pessoas morreram e mais de 80 ficaram feridas após as forças de segurança abrirem fogo sobre manifestantes em Cartum.

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Sudan Pro-Demokratische Protesten
Foto: Ashraf Idris/AP Photo/picture alliance

Manifestantes pró-democracia bloquearam algumas vias públicas na capital do Sudão com barricadas improvisadas e pneus queimados esta terça-feira (26.10) - um dia depois de os militares terem tomado o poder num golpe amplamente denunciado pela comunidade internacional.

Pelo menos quatro pessoas foram mortas e mais 80 ficaram feridas após as forças de segurança abrirem fogo sobre manifestantes em Cartum, de acordo com o Comité dos Médicos Sudaneses.

Integrantes da temidas Forças de Apoio Rápido patrulharam os bairros de Cartum, perseguindo os manifestantes. A ONG Human Rights Watch disse que as forças utilizaram munições reais contra manifestantes.

A Associação dos Profissionais Sudaneses, um grupo de sindicatos que esteve por detrás da revolta contra al-Bashir, exortou as pessoas a entrarem em greve e a empenharem-se na desobediência civil. Separadamente, o Movimento de Libertação Popular do Sudão-Norte, o principal grupo rebelde do país, denunciou o golpe e apelou para que as pessoas saiam à rua.

Grupos da sociedade civil convocaram uma marcha de massas no sábado para exigir o retorno do governo civil.

Sudan Pro-Demokratische Protesten
Muitos manifestantes não saíram das ruasFoto: Ashraf Idris/AP Photo/picture alliance

Apelo internacional

O primeiro-ministro e outros altos funcionários do Governo de transição que foram detidos na segunda-feira pelos militares continuam num campo militar nos arredores de Cartum.

A tomada do poder pelos militares ameaça descarrilar a frágil transição do Sudão para a democracia, que estava em curso há dois anos. O Conselho de Segurança das Nações Unidas deverá discutir a situação numa reunião a portas fechadas no final de terça-feira.

Os governos ocidentais condenaram o golpe e apelaram à libertação do primeiro-ministro Abdalla Hamdok e de outros funcionários. A administração do Presidente dos Estados Unidos Joe Biden anunciou a suspensão de 700 milhões de dólares em ajuda de emergência ao Sudão.

O Secretário de Estado norte-americano Antony Blinken apelou a um cessar imediato da violência contra os manifestantes e à restauração dos serviços de Internet. Segundo Blinken, os EUA estão a coordenar com os seus parceiros "uma abordagem diplomática comum para impedir que suas ações resultem em mais instabilidade no Sudão e na região".

Sudan General Abdel Fattah al-Burhan
General al-Burhab dissolveu o Governo de HamdokFoto: Mahmoud Hjaj /AA/picture alliance

Explicações para o golpe

O golpe veio depois de semanas de tensão entre a componente militar e a componente civil do Governo responsável pela transição do Sudão para a democracia.

Militares sudaneses tomaram o poder na segunda-feira, mais de dois anos depois de uma revolta popular ter forçado a queda do autocrata Omar al-Bashir. Em resposta, os sudaneses inundaram as ruas de Cartum e outras partes do país em protesto.

O General Abdel-Fattah Burhan, o mais alto funcionário militar do Sudão, dissolveu o governo Hamdok e o Conselho Soberano, um organismo militar e civil conjunto criado pouco depois da destituição de al-Bashir. Burhan implantou um conselho militar que, segundo ele, governará o Sudão até às eleições de julho de 2023.

Burhan culpou as querelas e divisões entre facções políticas pela tomada do poder pelos militares, alegando que tais divisões ameaçam a integridade do país. No entanto, o golpe chega menos de um mês antes de Burhan ter tido de entregar a liderança do Conselho Soberano a um civil, uma medida que teria diminuído o poder dos militares no poder.

O general disse que está a levar a sério a realização de eleições dentro do prazo previsto. Mas 19 meses antes da votação, não é claro se os militares estão dispostos a abandonar o controlo que têm durante décadas.

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