Maior hospital público de Angola ganha melhorias
8 de outubro de 2012Profissionais da Escola Superior de Saúde Unisinos e do Hospital Mãe de Deus, de Porto Alegre, na região sul do Brasil, estiveram em Luanda, capital de Angola, para prestar consultoria ao maior hospital público do país, o Josina Machel-Maria Pia.
Composta por duas enfermeiras e dois técnicos de enfermagem, a equipe brasileira foi chefiada pelo médico Fernando Sefrin, emergencista do Hospital Mãe de Deus.
O trabalho dos profissionais de saúde brasileiros durou dois meses e consistiu em diagnosticar as demandas e implementar as alterações necessárias para melhorar os padrões de qualidade no atendimento aos pacientes do setor de emergência - reservado ao atendimento rápido de doentes graves – além de oferecer um treinamento aos funcionários do departamento.
Treinamento vai da gestão a procedimentos médicos
Os profissionais brasileiros ofereceram um treinamento prático de atendimento em emergência com cerca de 40 horas/aula aos funcionários do Hospital Josina Machel-Maria Pia.
Foram abordados temas que vão desde a gestão administrativa às técnicas e procedimentos médicos a serem aplicados de acordo com as especificidades de cada caso. Por dia, cerca de 160 funcionários acompanharam as palestras.
O médico Fernando Sefrin revela que uma das principais dúvidas dos angolanos refere-se às técnicas de reanimação cardíaca em pacientes. O procedimento seria pouco conhecido pelos profissionais da área da saúde em Angola.
"Eles tinham um pouco de conhecimento, mas não a prática. Eles têm ainda uma cultura de que se um paciente teve uma parada cardíaca, o paciente morreu”, afirma. “Isso foi até mesmo palco de perguntas. Conversamos e mostramos como é feito para que o paciente com uma parada cardíaca assistida seja reanimado”, garante.
A troca de experiências entre os profissionais da saúde brasileiros e angolanos acontece também nos hospitais do Brasil onde, atualmente, 88 médicos angolanos fazem residência nos estados de São Paulo e Paraná.
Reformas estruturais ampliam atendimento emergencial
O médico Fernando Sefrin, revela que encontrou um cenário desolador ao adentrar o setor de emergência do Hospital Josina Machel-Maria Pia, em Luanda, onde muitas pessoas eram atendidas de forma precária.
"Superlotação, com pacientes atendidos em macas nos corredores e em colchões ou papelões espalhados pelo chão. Tínhamos que entrar passando por cima dos pacientes”, diz.
Sefrin acrescenta ainda o relato que ouviu de um outro médico brasileiro que esteve meses antes no local. “De que tinha uma paciente com um abcesso dentário, deitada no chão, sangrando. Ele não teve mais contato com ela. Provalmente, a paciente morreu porque não conseguiram chegar a atendê-la”, conta.
O setor de emergência esteve fechado por dois meses e foi reaberto em início de agosto deste ano, depois de passar por reformas e ganhar novos equipamentos.
A equipe brasileira acompanhou o fim das obras de revitalização do setor de urgência e baseou-se na nova configuração para sugerir alterações de gestão. “Assim, foram modificados os fluxos de triagem e os protocolos de atendimento”, afirma o emergencista Fernando Sefrin.
O departamento de urgência do Hospital Josina Machel-Maria Pia tem agora capacidade para atender 250 pacientes por dia, em quatro salas de observação e três blocos operatórios. O centro de emergência conta ainda com modernos laboratórios.
Além de oferecer melhores condições de trabalho aos profissionais da saúde, o setor propicia mais conforto aos pacientes, garante o emergencista brasileiro Fernando Sefrin.
Autor: Luciano Nagel (Porto Alegre/Brasil)
Edição: Cristiane Vieira Teixeira/Renate Krieger