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Zuneid Sidat nega ter recebido dinheiro das dívidas ocultas

7 de novembro de 2019

O Tribunal dos EUA que julga caso das dívidas ocultas apontou o nome do empresário Zuneid Sidat, que terá recebido 850 mil dólares por indicação de Carlos do Rosário, um dos implicados no escândalo. Mas Sidat nega tudo.

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Os barcos das dívidas da EMATUMFoto: EMATUM

O empresário Zuneid Sidat nega ter recebido dinheiro das dívidas ocultas moçambicanas por via de Carlos do Rosário, um dos implicados no caso.

Sidat é membro de uma família influente no mundo dos negócios em Moçambique, tida como próxima ao partido no poder, a FRELIMO.
Vários nomes têm sido publicados como resultado do rastreio que as autoridades norte-americanas fizeram ao dinheiro das dívidas ocultas moçambicanas.

A justiça dos EUA está a julgar caso de ilícitos financeiros ligado às dívidas ocultas, em que são acusadas sete pessoas, três das quais moçambicanas. Segundo as evidências do tribunal, o setor imobiliário terá sido o mais usado para lavagem de dinheiro.

Mosambik T-shirt von CIP Kampagne #Eu não pago dívidas ocultas
Foto: CIP

As transações financeiras entre os acusados e as referidas figuras são parte das evidências apresentadas no Tribunal de Brooklyn.

Entre os nomes mais sonantes estão Zuneid Sidat e Aisha Omar, que terão recebido 850 mil dólares por indicação de Carlos do Rosário, um dos três moçambicanos acusados no caso.

Transação partiu da venda de um imóvel

Zunaid Sidat nega o seu envolvimento e justifica que se tratou de uma simples transação comercial que partiu da venda de um imóvel a um indivíduo em Moçambique, cujo pagamento foi efetuado a partir de uma conta em Itália.

"Não tem nada a ver com o que está escrito no documento. E tenho os documentos comprovativos, tenho tudo guardado para depois poder justificar quando for necessário", explicou Sidat.

Para a transação em causa foi usado um banco na África do Sul. A justificação de Sidat para esta opção é de que "na altura a Lei Cambial permitia e nós fizemos".

Foi a Logistics Internacional Sal que fez o pagamento via transferência bancária, segundo as evidências do tribunal norte-americano.

Schiffe von EMATUM in Mosambik
Barcos da EMATUM no Porto de MaputoFoto: EMATUM

Trata-se de uma firma da Privinvest, uma das três empresas envolvidas nas dívidas ocultas avaliadas em dois mil milhões de dólares. Sobre os detalhes do imóvel, Sidat adiantou que "foi um imóvel em Maputo, na capital, por trás da Escola Portuguesa. Vendi o imóvel e tenho os comprovativos".

Zuneid Sidat é um moçambicano residente em Portugal. É empresário desportivo, um dos gstores do Amora Futebol Clube de Portugal e agencia jogadores moçambicanos.

Quem acusa deve apresentar provas

Convidado a comentar sobre a relevância da menção de Zuneid Sidat como receptor de parte do dinheiro das dívidas ocultas num documento de prova, o jurista Rodrigo da Rocha fez questão de separar as águas:

"Muitas vezes empolam-se os factos pelo cenário onde estão inseridos. Nem toda a gente que terá recebido, eventualmente algum valor vindo de qualquer personagens envolvidos no escândalo da Ematum tem necessariamente que estar envolvido neste escândalo."

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E o jurista esclarece em que circunstâncias Zuneid Sidat pode ser relevante para o caso, explicando que no direito moçambicano a prova é feita ao contrário.

"Se existe algum indício de crime quem acusa deve apresentar a prova. Se este senhor recebeu dinheiro, muito bem, quem tem de provar que recebeu dinheiro por conta de um crime é quem está a acusar", explica o jurista.

Caso pode requerer mais investigação 

Rodrigo da Rocha sublinhou que enquanto não o fizer, só pelo facto de ter sido mencionado num determinado depoimento ou no meio de provas "isso não trás por si só um indício de culpa e nem de qualquer prevaricação".

O jurista sugere que se se considerar que eventualmente é reincidente "tem de se fazer investigação e concluir-se se houve ou não atividade criminosa nessa afetação de pontos".

Os Sidat são uma família bastante conhecida em Moçambique no mundo dos negócios. São vistos como próximos da FRELIMO, o partido no poder. O pai de Zuneid, Rafik Sidat, já foi membro do comité central do partido.

 

Nádia Issufo
Nádia Issufo Jornalista da DW África
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