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Energia hidroelétrica dinamiza comércio bilateral entre a Alemanha e Angola

Johannes Beck23 de julho de 2014

Com equipamentos para centrais hidroelétricas a empresa alemã Voith Hydro encontrou um mercado muito atrativo em Angola. As energias renováveis foram um dos destaques no Dia da Alemanha na feira industrial FILDA.

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As duas centrais Cambambe I (à esq.) e Cambambe II (à direita, em obras) no Rio KwanzaFoto: Voith Hydro

A quarta-feira (23 de julho) da edição 2014 da FILDA – Feira Internacional de Luanda, a maior feira industrial de Angola, foi dedicada à Alemanha, país que está presente no certame com 18 empresas. Uma delas é a Voith Hydro, uma empresa líder do setor das energias renováveis, nomeadamente na energia hidroelétrica.

Mercado atrativo com “potencial gigantesco”

Industriemesse FILDA Luanda
Stand da indústria alemã na FILDAFoto: Pedro Borralho Ndomba

Muitos rios, poucas barragens. Muita demanda de eletricidade, pouca geração de energia elétrica. Angola não podia ser muito mais atrativo para a Voith Hydro.

“É um mercado muito atrativo: o potencial ainda não explorado de energia hidroelétrica em Angola é gigantesco”, diz Heike Bergmann, membro da direção executiva da empresa cuja sede se encontra na localidade de Heidenheim an der Brenz, no estado de Baden-Württemberg no sudoeste da Alemanha.

Segundo os caçulos da Voith Hydro, atualmente menos de 5% do potencial total de 18 gigawatts para a energia hidroelétrica são usados em Angola. “Ao mesmo tempo há uma imensa procura de energia. O crescimento da economia e da população do país aumenta constantemente a demanda por eletricidade, mas ao mesmo tempo, cortes de energia fazem parte do dia-a-dia”, avalia Heike Bergmann.

A central de Cambambe I abriu novas portas à Voith Hydro

Stausee Cambambe am Rio Kwanza
O Rio Kwanza tem um grande potencial para a geração de energia elétrica (na foto: lago artificial da barragem de Cambambe)Foto: Voith

Uma central chave para a geração de energia elétrica nas províncias de Luanda, Cuanza Norte, Cuanza Sul, Bengo, Malanje e Uíge no centro de Angola é a barragem de Cambambe I no Rio Kwanza desde a sua inauguração em 1963, ainda no tempo colonial. No ano passado, a Voith Hydro forneceu novas turbinas do tipo Francis, geradores e equipamento de controlo à barragem. O potencial instalado em Cambambe I aumentou quase 50 por cento de 180 para 268 megawatts. O que quer dizer, a barragem modernizada pode produzir o dobro de todas as centrais elétricas de Cabo Verde, por exemplo.

A modernização da hidroelétrica no Rio Kwanza foi o negócio que abriu novas portas à Voith Hydro. Em 2013, a empresa fechou um acordo no valor de 100 milhões de euros com a empresa brasileira Odebrecht que constrói a barragem Cambambe II para a ENE, a Empresa Nacional de Electricidade de Angola.

Devem ser fornecidos nos próximos anos turbinas e geradores com uma potência total de 700 Megawatts para a segunda central hidroelétrica de Cambambe. Segundo a Voith Hydro, a instalação deve ser concluída até 2016 e duplicar a produção hidroelétrica angolana.

Industriemesse FILDA Luanda
A FILDA 2014 contou com a presença de 18 empresas da AlemanhaFoto: Pedro Borralho Ndomba

Para entender a dimensão deste negócio para o comércio bilateral, basta olhar para a estatística: o volume deste fornecimento representa cerca de um terço do valor das exportações anuais da Alemanha para Angola.

“Angola tem planos para aumentar fortemente a geração de energia. O país aposta na hidroelétrica como fonte estável de produção de eletricidade”, conta Heike Bergmann da Voith Hydro. Na avaliação da empresa alemã, o mercado angolano de equipamentos para hidroelétricas está longe de ficar saturado, diz Heike Bergmann: “Nos próximos anos, estão previstos vários grandes projetos de centrais hidroelétricas em Angola como o mega-projeto Caculo-Cabassa no Rio Kwanza.“

Turbinas “Made in Germany” em todo mundo

A Voith Hydro, uma joint venture da empresa familiar alemã Voith e da multinacional Siemens com mais de cinco mil funcionários, é considerada uma das empresas líder no mercado mundial das grandes barragens. Desde 1870, equipa as maiores centrais hidroelétricas do mundo como Niagara nos Estados Unidos da América, Itaipú na fronteira entre o Brasil e o Paraguai e a Barragem das Três Gargantas na China. A empresa tem sido criticada por participar em barragens como a última e o projeto da central de Belo Monte no Amazonas brasileiro, que causam grande impacto ambiental e muitas deslocações forçadas de pessoas.

Turbine Wasserkraftwerk Cambambe I am Rio Kwanza
Uma turbina do tipo Francis da empresa Voith Hydro que foi usada na modernização da central Cambambe IFoto: Voith

No caso de Angola, não há críticas deste tipo por causa da construção de barragens como Cambambe. Segundo a empresa, a maior dificuldade no mercado angolano é conseguir financiamento para os negócios, pois a banca privada ainda não está aberta para fornecer as necessárias linhas de crédito.

“O financiamento é muito importante para poder realizar grandes projetos de infraestrutura em África. Mas com a exeção da África do Sul, as ofertas do setor privado para o financiamento de projetos em África são difíceis ou não existem,” diz Heike Bergmann da direção executiva da Voith Hydro. “Neste momento, financiar os projetos recorrendo a garantias através de seguros estatais de exportações é um desafio muito grande para as empresas alemãs.”

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Com turbinas e outros equipamentos para centrais hidroelétricas a empresa alemã Voith Hydro encontrou um mercado muito atrativo em Angola. Um exemplo como as energias renováveis podem produzir eletricidade sem contribuir para o efeito de estufa e ao mesmo tempo ser um negócio atrativo.

Staudamm Cambambe I am Rio Kwanza
A central Cambambe I foi construída nos anos sessenta e portanto ainda no tempo colonial portuguêsFoto: Voith
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