Nem todos os eleitores conseguiram votar em Cabinda
24 de agosto de 2022Em Cabinda, as urnas abriram por volta das 7h da manhã em quase todas as assembleias. Num ou noutro local, houve queixas sobre o posicionamento das mesas e alguns atrasos, como na assembleia no bairro "A Vitória é Certa".
Na escola de Lombo Lombo, alguns cidadãos entenderam que as mesas deviam ser colocadas no pátio. Os membros da assembleia estavam a trabalhar à luz de lanterna, porque faltava energia, e isso preocupou vários eleitores.
Por outro lado, houve eleitores que disseram que não chegaram a votar, mesmo tendo feito o registo eleitoral. Joana, por exemplo, denunciou que, ao chegar ao local de votação, descobriu que o seu nome estava registado noutra assembleia em Cabinda.
"Da vez passada, votei no Mawete, na zona da Cava-Terra. Quando fui atualizar, disse que agora estou a morar no Chinga. Os agentes disseram-me que ia votar mesmo no Chinga, mas, chegando aqui, infelizmente calhei na outra assembleia."
"Porque não posso contribuir com o meu voto?"
António diz que viveu uma situação semelhante, mas com a agravante do seu nome ter calhado na província de Benguela.
"Posto na assembleia, disseram que o meu recibo está para votar em Benguela. A atualização foi feita em Benguela, mas, estando de férias, queríamos exercer o nosso dever na nossa província."
Abrão Tiago, outro cidadão eleitor, não chegou a votar, pois, até àquela hora, quem possuía documentos caducados e apenas recibos não era aceite pela CNE.
"Eu fui assaltado, mas tinha a cópia do bilhete válido. Atribuíram-me a ficha e dizem que não poderia ser atendido, mas o meu nome apareceu. Porque não posso contribuir com o meu voto para o país?"
Votar com o bilhete caducado
Só depois, com o crescente número de eleitores nessa situação, a CNE autorizou o voto de cidadãos com bilhete caducado, talão de emissão de bilhete do registo eleitoral e cópia do bilhete de identidade.
Segundo dados da Comissão Provincial Eleitoral (CPE), a província de Cabinda tem 360 mil eleitores. A contagem dos votos decorre neste momento.
A Igreja Católica local anunciou esta quarta-feira que não foi credenciada como observador. O responsável da Comissão de Justiça e Paz em Cabinda, o padre Mbuca, fez uma publicação nas redes sociais apelando a mais transparência.
"Não precisamos de estar lá nas mesas, porque não fomos credenciados. Mas cada um com os números de assembleias de votos que identificou, quando forem 17 horas e 30 minutos, agradecia que passassem nas mesmas a fim de fazerem fotos nas respetivas atas", escreve o sacerdote.