Erosão costeira ameaça cidade da Beira
13 de março de 2015A eminência deste perigo atingiu proporções alarmantes nas últimas semanas, quando a bravura das águas do oceano Índico destruiu as dunas naturais e artificiais, galgando algumas moradias nos bairros residenciais de Ponta Gêa e da Praia Nova.
Alguns moradores ouvidos pela DW África acusam o município local de nada fazer de modo a reverter esta situação. "Este assunto já foi várias vezes abordado. Temos um dossier completo que foi dirigido a várias instituições governamentais, à Presidência da República e à Assembleia da República. Já fomos chamados uma vez pelos representantes da Assembleia da República e até agora nada", lamenta o munícipe Abubacar Cassamo.
Por seu turno, o presidente do município da Beira, Daviz Simango, explicou à DW África que, devido à exiguidade de fundos para a construção de grandes empreendimentos, a edilidade tem erguido pequenos muros ao longo da costa para combater a progressão da erosão costeira, embora não seja esse tipo de construção que os munícipes desejam.
"Há obras que foram feitas e que são conhecidas. Pensamos que essas obras, de forma simbólica, têm protegido a Beira", afirma o edil.
Moradores questionam autoridades
"Onde é que estão a decorrer as obras?", pergunta Abubacar Cassamo. Este morador diz que neste momento a preocupação parece ser mais em "proteger uma zona que não tem casas, deixando de parte casas que estão prestes a cair."
Outro habitante destaca que com a construção ao longo da costa da Beira de algumas estâncias turísticas, autorizada pela edilidade, as ondas do mar passaram a atingir níveis ameaçadores.
Isso obrigou mais de 400 famílias a procurarem alternativas para sobreviver a este fenómeno natural. "Fazemos o que podemos para aguentar. Levamos tudo o que temos para o telhado e dormimos na rua", conta um morador.
Com o agravamento da erosão, que está a provocar graves problemas na zona alta costeira da Beira, muitas pessoas temem que a cidade seja invadida pelas águas do mar num futuro não muito longe.
"Já temos um mapeamento claro sobre os riscos que corremos e fizemos alguns projetos", adianta Daviz Simango. Segundo o edil, foi realizado recentemente um estudo científico no qual ficou demonstrado que as águas do oceano Índico subiram cerca de 30 centímetros em nos últimos anos.
Entretanto, a edilidade está a estudar a eventual desativação de alguns bairros residenciais para reassentar as populações dessas localidades noutras comunidades. O objetivo é minimizar os efeitos deste problema que é uma das consequências das alterações climáticas.