Esperanças de paz renovadas em Moçambique
7 de fevereiro de 2017Em Moçambique surgem sinais que renovam as esperanças de se alcançar a paz definitiva no país. Depois das garantias de segurança dadas pelo Governo, vários quadros da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) que se encontravam em parte incerta já retomaram a vida política em várias províncias, como Sofala, Manica e Tete.
Representantes da RENAMO estiveram reunidos esta terça-feira (07.02) com governadores e presidentes das assembleias provinciais. Em Chimoio, capital da província de Manica, o partido liderado por Afonso Dhlakama realizou um comício.
Grupos de trabalho
Na segunda-feira (06.02), o Presidente Filipe Nyusi e o líder da RENAMO, Afonso Dlakhama, não demoraram em designar os seus representantes para os dois grupos de trabalho que vão discutir a descentralização e os assuntos militares nas negociações de paz.
A designação acontece em tempo que pode ser considerado recorde, uma vez que as duas partes tinham concordado em trabalhar no assunto a partir desta segunda-feira (06.02) e durante a semana.
"Essa urgência com que o Presidente Nyusi e também o presidente da RENAMO estão a agir faz sentido", considera o analista Gustavo Mavie. "Revela que têm consciência da gravidade do problema", sublinha. "É preciso agir com muita rapidez", acrescenta, "porque esse tipo de situações acarreta prejuízos não só económicos como a perca de vidas humanas."
O analista lembra que o Presidente assumiu a chefia do Estado "numa situação muito má", quando o país "estava em chamas", numa situação de conflito militar e de outros problemas como o custo de vida.
Todos os nomes
O grupo de trabalho sobre descentralização é constituído pela parte do Governo por Albano Macie e Eduardo Chiziane, ambos docentes universitários de Direito. Macie é igualmente assessor jurídico do Parlamento. Eduardo Chiziane foi membro da ex-subcomissão do diálogo político entre o Governo e a RENAMO que abordava a questão da descentralização.
A parte da RENAMO é constituída por Saimone Macuiana, chefe de extinta comissão do diálogo por parte do maior partido da oposição, e Maria Joaquina, antiga vogal da Comissão Nacional de Eleições (CNE).
Para a comissão de assuntos militares o Executivo nomeou Armando Panguene, um combatente da luta de libertação nacional, que ocupou as pastas de vie-ministro dos Negócios Estrangeiros e da Defesa, além de ter sido embaixador de Moçambique em vários países (Estados Unidos, Grã-Bretanha, Portugal e África do Sul) e governador nas províncias de Nampula e Cabo Delgado.
O outro membro da comissão por parte do Governo é Ismael Mussa Mangueira, um combatente da luta de libertaão nacional que ocupou vários cargos no Ministério da Defesa, foi membro do Tribunal Militar e cônsul honorário da Eslováquia em Maputo.
A RENAMO indicou Leovigildo Buanancasso, que faz parte do Conselho de Estado e André Magibire, membro do Parlamento.
A designação dos dois grupos especializados acontece numa altura em que o Governo e a RENAMO observam uma trégua de 60 dias no conflito militar. Para Gustavo Mavie, "é mais do que evidente" que o cessar-fogo "vai ser alargado". O analista lemmbra que o líder da RENAMO, da última vez que falou, no dia 03.02, "deixou claro que não vai mais reativar a guerra."