EUA dizem que relação com Angola é mais forte que nunca
25 de janeiro de 2024Blinken terminou hoje (25.01) o périplo africano com uma visita a Angola, onde se encontrou com o Presidente angolano, João Lourenço, e o homólogo, Téte António, e recebeu um convite para o Presidente norte-americano, Joe Biden, visitar Luanda.
Entre os temas da "conversa produtiva" que manteve com João Lourenço estiveram questões que interessam aos dois países, entre as quais prosperidade, alterações climáticas e segurança alimentar, bem como o projeto do corredor do Lobito (ligação ferroviária que atravessa Angola até à República Democrática do Congo), e que conta com financiamento norte-americano, considerando que tem um potencial transformativo.
"Um parceiro confiável"
Blinken classificou Angola como "um parceiro confiável", com quem foram também discutidas soluções para a paz no continente e investimentos em áreas como a saúde e as energias renováveis.
Num momento de perguntas e respostas com quatro jornalistas, da imprensa angolana e da imprensa norte-americana, Blinken sublinhou que os investimentos estão a criar mais oportunidades e empregos e podem tornar Angola num 'hub' para transportes e comunicações.
E elogiou igualmente os esforços de João Lourenço para criar melhor ambiente para os negócios, incluindo a luta anticorrupção.
"Tivemos uma boa conversa sobre o que está a ser feito a nível de reformas", adiantou, referindo que, além das iniciativas para combater a corrupção, foi discutido o tema das eleições locais e alargamento do espaço dado aos 'media', questões levantadas numa carta que lhe foi endereçada pelos líderes da oposição.
Para o ministro angolano das Relações Exteriores, Téte Antonio, esta é "uma fase crucial de implementação dos instrumentos assinados", dos quais 15 estabelecem mecanismos de cooperação, estando a ser desenvolvidos diálogos setoriais para impulsionar outras áreas.
O corredor do Lobito
O chefe da diplomacia angolana apontou o corredor do Lobito como a bandeira atual da ação conjunta, para o qual se deve ter "a maior ambição possível" pelo efeito multiplicador como empreendimento, bases logísticas que estão a ser criadas, impacto na população e perspetivas de serem ligados no futuro o Oceano Índico e o Oceano Atlântico.
Téte António disse ainda que o papel dos diplomatas é abrir o caminho para que "o resto da sociedade possa seguir", referindo-se à entrada de mais empresas norte-americanas em Angola.
Conflito entre RDCongo e Ruanda
Em conferência de imprensa com o seu homólogo angolano, o chefe da diplomacia norte-americana referiu que João Lourenço merece a "confiança dos outros parceiros" e disse que os Estados Unidos apoiam também esses esforços para que a via diplomática possa avançar.
Por seu lado, o ministro das Relações Exteriores angolano disse hoje que o caminho para a paz "não é uma linha reta" e que Angola continua a empenhar-se numa solução pacífica para o conflito.
"O caminho para a paz não é uma linha reta, pode conhecer variações, mas os esforços continuam e temos beneficiado das ações dos Estados Unidos", disse Téte António aos jornalistas, no final do encontro com Blinken, que efetua hoje uma visita a Angola, no final de um périplo por quatro países africanos.
Sinal de que Luanda continua a empenhar-se no processo foi a conversa telefónica que o Presidente angolano manteve na quarta-feira com os seus homólogos congolês e ruandês, assinalou o ministro, reforçando que a RDCongo é um "país estratégico", não só para Angola, mas também para África e para o mundo.
"Os esforços de Angola para alcançar a paz no continente africano são também em prol da comunidade internacional", frisou.
ONU e a Rússia
Na conferência de imprensa, o chefe da diplomacia norte-americana afirmou também que os EUA apoiam reformas no conselho de segurança das Nações Unidas "para que reflitam as realidades atuais" e não apenas aquelas que existiam quando esta instituição foi criada, indo ao encontro das pretensões de Angola e outros países que exigem mais representatividade.
Téte António, questionado sobre a atual relação de Angola com a Rússia e a avaliação que faz deste país como parceiro desde o início da guerra na Ucrânia, sublinhou as premissas da diplomacia, assentes no respeito mútuo, respeito pela soberania e não ingerência em assuntos internos.
"Angola é um país aberto ao mundo (...) todas as parcerias que possam adequar-se às nossas necessidades e politicas de desenvolvimento são bem-vindas", realçou o responsável das Relações Exteriores, desvalorizando as diferenças de ponto de vista.