Estudantes brasileiros e moçambicanos juntos em projeto de preservação ambiental na Rio+20
18 de junho de 2012Os alunos de Lichinga, em Moçambique, e do Rio de Janeiro, no Brasil, apresentam, nesta terça-feira (19.06), durante uma videoconferência, um mapa georreferenciado com fotografias e informações sobre os problemas socioambientais encontrados nessas localidades.
As informações estarão disponíveis em computadores com tecnologia touchscreen no Armazém Pop Ciência, espaço da Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, Rio+20.
Os estudantes, que têm entre 16 e 19 anos, participam do projeto CenaRio - versão em português para Science Centers Engagement and the Rio Summit (SCEnaRios). Trata-se de um desafio lançado a centros de ciência de 12 países que, organizados em duplas ou trios, convocaram jovens para realizar projetos sobre desafios globais e os impactos locais.
Os moçambicanos fazem parte da Escola Secundária Paulo Samuel Kankhomba, que fica em Lichinga. Já o grupo brasileiro é vinculado ao Museu da Vida da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Trabalho de campo
Para capturar bem a realidade das duas regiões, os jovens foram a campo e registraram tudo o que viram, em um blog. Além disso, participaram de grupos de discussão e de elaboração de trabalhos relacionados ao tema.
Os alunos de Moçambique tiveram, assim, a oportunidade de conhecer duas realidades distintas da mesma região. As fotos que mais marcaram os alunos foram as tiradas próximo ao rio Muchenga, por conta da poluição encontrada no local.
Quem conta é o professor Jorge Malita, responsável pelo projeto, em Moçambique. "Trata-se de um novo aprendizado sobre a nossa própria realidade", diz. Segundo o professor, todos ficaram impressionados com o que viram em campo.
"Nós vivemos dentro da mesma cidade com duas realidades bem diferentes. As comunidades em torno do rio têm um problema que os outros que vivem no centro da cidade desconhecem", revela Malita.
Os alunos do Rio também frequentaram regiões com problemas socioambientais semelhantes. A chefe do Museu da Vida, Luisa Massarani, aponta a importância do projeto. “A gente tem certeza que mexeu com a cabeça desses jovens", diz.
Foi feito um diagnóstico da situação, mas, segundo Massarani, o travalho pretende ter efeitos reais. "A gente tenta o tempo todo ter uma perspectiva de construção de mudar a realidade, de apostar nessa juventude para fazer um mundo melhor", garante.
Continuidade
Os estudantes de Lichinga não pensam em parar depois da conferência, ressalta o professor Malita, para quem o desafio maior é mudar essa situação. "Pessoas que estão na nossa cidade convivem com problemas socioambientais bastante graves e se isso não se resolver, nos próximos anos, será insustentável", pondera.
Segundo o professor, os próximos passos são organizar um observatório, interagir com autoridades municipais, convidar as comunidades e até mesmo fazer campanhas de limpeza. "Achamos que não devíamos ficar só no diagnóstico, mas temos que partir para a ação", ressalta.
O CenaRios foi criado pela Association of Science-Technology Centers (ASTC) – uma organização que agrupa centros de ciências e museus do mundo todo - e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em parceria com o Instituto de Arte Contemporânea e o Jardim Botânico (Inhotim).
Autora: Melina Mantovani
Edição: Cris Vieira/Antônio Rocha