Etiópia realiza hoje eleições regionais e parlamentares
21 de junho de 2021Depois de adiadas, realizam-se esta segunda-feira (21.06) eleições regionais e parlamentares na Etiópia. No entanto, a instabilidade em várias partes do país ameaça o escrutínio.
Em Oromia, a região natal do primeiro-ministro Abiy Ahmed, por exemplo, o aproximar das eleições tem feito aumentar a atividade do Exército de Libertação Oromo (OLA), a facção armada que se separou da Frente de Libertação Oromo (OLF), e que foi em maio considerada pelo governo etíope uma organização terrorista.
À DW, um jovem que prefere manter o anonimato, afirma temer que a situação se agrave. "Temos ouvido falar da perda de muitas vidas. E os números estão a aumentar de dia para dia! Continuamos a ouvir dizer que estão a ser mortas pessoas. Os membros dos partidos da oposição que se encontram na prisão devem ser libertados".
Principais partidos da oposição retiram-se
Em Oromia, tanto a OLF como o Congresso Federalista Oromo (OFC), cujos líderes se encontram detidos, decidiram retirar-se das eleições. Os dois principais partidos da oposição acusam o governo e o partido no poder de intimidação dos seus candidatos e interferência nas suas campanhas.
"O governo do partido no poder cortou a nossa relação com os nossos membros, os nossos apoiantes e o público. Não pudemos fazer qualquer comunicação nem deslocar-nos até às zonas rurais para comunicar as nossas políticas e programas", diz Tiruneh Gamta, chefe de gabinete do OFC.
Ainda assim, e apesar das críticas, Abiy Ahmed continua a ser popular entre os jovens nos arredores da aldeia de Beshasha, onde nasceu. É o caso de Taoufik. "Com base no trabalho que realizou, acreditamos que o partido [da Prosperidade] pode transformar este país. O trabalho que fez até agora mostra que pode trazer muitas coisas para o nosso futuro".
Ahmed procura manter legitimidade
Nestas eleições, Abyi Ahmed procura consolidar a sua legitimidade política, no entanto, e desde que chegou ao poder, em 2018, os desafios multiplicaram-se. A violência entre etnias intensificou-se no país e uma nova guerra civil despoletou na região do Tigray.
William Davison, analista do International Crisis Group (ICG), considera que uma maioria traria vantagens ao país. "Uma maioria nas eleições não vai resolver a disputa que levou à guerra civil em Tigray, não vai trazer um fim à insurreição do OLA em Oromia, não vai resolver a violência em Benishangul-Gumuz. Mas pode muito bem permitir que o primeiro-ministro e o seu partido no poder reclamem um mandato democrático que faria que nos próximos cinco anos conseguissem prosseguir a sua agenda", argumenta.
Para além da insegurança, os problemas logísticos relacionados com a organização das eleições ameaçam colocar em causa a sua credibilidade. No total, cerca de 20% dos círculos eleitorais não participarão nas eleições. Em Oromia, não irão às urnas 97 dos 547 distritos.