Etiópia em guerra com região separatista de Tigray
6 de novembro de 2020O chefe de Estado-Maior das Forças Armadas da Etiópia que o país está "em guerra" com a região separatista de Tigray, no norte, contra a qual o governo federal lançou uma operação militar na quarta-feira (04.11).
"O nosso país entrou numa guerra que não previu. Esta guerra é vergonhosa e sem sentido", disse o general Berhanu Jula, numa conferência de imprensa na capital, Addis Abeba.
"Estamos a trabalhar para que a guerra não chegue ao centro do país" e se mantenha confinada à região de Tigray, acrescentou.
Os rebeldes afirmaram que um avião militar bombardeou um complexo militar em Mekele, sem saberem os danos causados ou se houve vítimas.
É difícil saber qual é a situação no terreno, porque o governo federal cortou as telecomunicações e a internet naquela área.
Tigray em estado de emergência
O Parlamento da Etiópia já aprovou o estado de emergência declarado pelo governo federal na região de Tigray, que confere ao executivo "todos os poderes necessários para proteger a paz e a soberania do país e para manter a segurança pública, a lei e a ordem", permitindo-lhe suspender certos "direitos políticos e democráticos", de acordo com a Constituição.
O primeiro-ministro, Abiy Ahmed, declarou, na quarta-feira (04.11), o estado de emergência durante seis meses em Tigray, pouco depois de ter anunciado o lançamento de operações militares contra as autoridades da região, que acusou de atacarem bases militares etíopes no local.
Abiy Ahmed, vencedor do Prémio Nobel da Paz em 2019, está a tentar restabelecer a autoridade do governo federal na região de Tigray, liderada pela Frente de Libertação do Povo Tigray (FLPT).
Abiy anunciou na televisão nacional que as operações militares iriam continuar em Tigray "nos próximos dias", assegurando que iria revelar os detalhes quando estivessem concluídas.