Etiópia: Exército recupera terreno contra milícias em Amhara

A companhia aérea nacional, Ethiopian Arlines, anunciou que retomaria os voos para a capital regional, Bahir Dar, e Gondar na quinta-feira (03.08). Os serviços para os outros dois aeroportos de Lalibela e Dessie continuam suspensos.

A região de Amhara, no norte da Etiópia, encontra-se em estado de emergência desde sexta-feira devido aos confrontos mortíferos que aí ocorreram, nove meses após o fim de um conflito devastador na região vizinha do Tigray.

As forças Amhara, incluindo a milícia nacionalista Fano, foram aliadas fundamentais do Governo federal durante a guerra, entre novembro de 2020 e novembro de 2022.

Mas as tensões têm aumentado desde abril, depois de o primeiro-ministro, Abiy Ahmed, ter anunciado que queria desmantelar as "forças especiais", unidades paramilitares criadas por muitos estados regionais nos últimos 15 anos. Os nacionalistas Amhara consideram que o Governo pretende enfraquecer a sua região.

Após vários dias de confrontos, as forças federais parecem estar a recuperar terreno em vários pontos da região.

Regresso à "paz relativa"

Numa declaração feita na terça-feira (08.08) à noite, o Governo de Amhara afirmou que "a paz e a estabilidade relativas" tinham regressado, sustentando que o exército tinha tomado "medidas adequadas" contra "grupos extremistas".

Residentes contactados hoje pela agência AFP disseram que os combatentes de Fano tinham sido empurrados para trás em Gondar e Lalibela, um local Património Mundial da UNESCO, famoso pelas suas antigas igrejas escavadas na rocha.

"As coisas parecem estar a mudar hoje", disse Simachew, um motorista de 'tuktuk' em Gondar: "O ENDF [exército] tomou o controlo da maior parte da cidade após pesados combates nos últimos dias".

"O combate foi apoiado por tanques e veículos blindados, que ainda se encontram na cidade", continuou, afirmando que "os Fano foram empurrados para uma única parte da cidade", onde os combates "ainda estão a decorrer".

Em Lalibela, "os Fano abandonaram a cidade e estão na floresta", declarou Ayalew, um residente, acrescentando que não se regista qualquer movimento na cidade. "Tudo o que ouvimos é o som de fogo de artilharia pesada", acrescentou.

Como o acesso à região é restrito, não é possível verificar de forma independente a situação no terreno.