Etiópia: Rebeldes dizem ter o controlo da cidade de Dessie
30 de outubro de 2021De acordo com a agência francesa de notícias AFP, que cita residentes de Dessie, uma cidade estratégica no norte da Etiópia, o exército federal retirou-se depois dos combates, deixando a cidade, que acolheu milhares de refugiados.
"A cidade está sob o controlo total das nossas forças", disse o porta-voz da Frente de Libertação do Povo Tigray (TPLF), Kindeya Gebrehiwot, numa mensagem colocada no Twitter, e que foi desmentida pelo Governo da Etiópia.
"Dessie e os arredores da cidade ainda estão nas mãos das nossas forças de segurança", escreveu o departamento de comunicações do Governo etíope na sua página do Facebook.
Relatos de residentes
Segundo a AFP, que cita contactos feitos com os residentes da cidade, as forças de segurança oficiais abandonaram as suas posições durante a madrugada, com os combatentes da TPLF a percorrer livremente as ruas da cidade no sábado à tarde.
A informação sobre o que se passa no norte da Etiópia não pode ser verificada localmente pelos jornalistas, já que a região é inacessível aos órgãos de comunicação social por decisão do Governo etíope.
A força aérea da Etiópia realizou, na semana passada, oito ataques a alvos de natureza militar da TPLF, segundo o Governo do país.
Após meses de tensão, o primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, enviou o exército federal para a região em 4 de novembro de 2020, para expulsar as autoridades regionais dissidentes da TPLF.
Forças federais
As forças federais assumiram o controlo da maior parte da região, incluindo Mekele, nas suas mãos desde novembro de 2020.
Em junho, a TPLF assumiu a maior parte de Tigray e continuou a sua ofensiva nas regiões vizinhas de Amhara e Afar.
Um dos ataques, na sexta-feira, fez 11 feridos e forçou um voo de ajuda humanitária da ONU a regressar a Adis Abeba, segundo médicos e fontes das equipas de voluntários.
A intensificação dos combates tem agravado a crise humanitária, que afeta já centenas de milhares de pessoas.
Os recentes bombardeamentos provocaram indignação internacional e perturbaram o acesso das Nações Unidas à região, que está sob um bloqueio à ajuda humanitária.
Cerca de 400 mil pessoas vivem expostas à fome, de acordo com a ONU.
Neste sábado (30.10), Washington apelou aos independentistas da Frente Popular de Libertação do Tigray (TPLF) para pararem os avanços no norte da Etiópia.