EUA atacam alvos de milícias pró-Irão no Iraque e Síria
3 de fevereiro de 2024Os Estados Unidos bombardearam, esta sexta-feira (02.02), mais de 85 alvos e instalações ligadas à Guarda Revolucionária do Irão e a grupos pró-iranianos no Iraque e na Síria, em resposta ao ataque da semana passada que matou três militares norte-americanos. A intervenção durou aproximadamente trinta minutos e foi "um sucesso", afirmou a Casa Branca.
O Presidente dos Estados Unidos Joe Biden garantiu que a resposta norte-americana ao ataque começou hoje e vai continuar "de acordo com o calendário e nos locais que decidirmos", disse.
"Se tocarem num americano, responderemos"
"Os Estados Unidos não querem conflitos no Médio Oriente ou em qualquer outro lugar do mundo. Mas que aqueles que nos querem prejudicar saibam bem disto: se tocarem num americano, nós responderemos", salientou, de acordo com um comunicado.
Biden tinha testemunhado algumas horas antes a chegada dos corpos de três soldados norte-americanos mortos na Jordânia.
Entre os locais atacados estão centros de comando e inteligência, bem como infraestruturas de armazenamento de 'drones' e mísseis pertencentes a milícias e forças iranianas "que permitiram ataques contra forças norte-americanas e da coligação".
18 mortos
Segundo adiantaram fontes militares e a organização não-governamental (ONG) Observatório Sírio para os Direitos Humanos, sediada no Reino Unido, os ataques resultaram na morte de pelo menos 18 membros de milícias pró-Irão.
Em comunicado, a organização diz que, do lado sírio, os ataques aéreos mataram 13 militantes e destruíram 17 posições de grupos armados apoiados por Teerão na província oriental de Deir al Zur.
As ações concentraram-se na zona de Al Mayadin, considerada a "capital iraniana" na Síria, bem como no distrito de Al Bukamal, na fronteira com o Iraque e importante rota de abastecimento destas milícias aliadas ao Governo sírio.
Por outro lado, uma fonte do Exército iraquiano com patente de coronel frisou à agência Efe, sob condição de anonimato, que pelo menos cinco milicianos pró-Irão foram mortos e outros três ficaram feridos em vários ataques aéreos contra posições da poderosa milícia Kataib Hezbollah na zona de Al Qaim, perto da fronteira com a Síria.
"Violação da soberania"
Em reação, um porta-voz militar do primeiro-ministro iraquiano Mohamed Chia al-Soudani frisou, em comunicado, que os ataques norte-americanos constituem uma "violação da soberania iraquiana", apontando para consequências desastrosas para a segurança e estabilidade do Iraque e da região.
Também as Forças Armadas iraquianas condenaram os bombardeamentos e alertaram que esta ação terá "consequências imprevistas" e "repercussões desastrosas" no Médio Oriente.
"Estes ataques são considerados uma violação da soberania iraquiana, minam os esforços do governo iraquiano e representam uma ameaça que arrastará o Iraque e a região para consequências imprevistas, cujas repercussões serão desastrosas", destacou Yahya Rasul, porta-voz das Forças Armadas Iraquianas, em comunicado.
"Ocupação não pode continuar"
Também o exército da Síria declarou que a ocupação do seu território pelos Estados Unidos "não pode continuar".
"Os ataques dos EUA resultaram "na morte de vários civis e soldados, feridos e danos significativos", segundo um comunicado de imprensa do exército sírio, parte integrante do Governo do Presidente do país, Bashar Al-Assad, aliado do Irão e da Rússia.
A ocupação de certas partes do território sírio pelas forças norte-americanas não pode continuar", referiu a nota, acrescentando a determinação do exército "em libertar todo o território sírio do terrorismo e da ocupação".
Desde meados de outubro, mais de 165 ataques com 'drones' e ataques de foguetes tiveram como alvo forças norte-americanas destacadas no Iraque e na Síria, mas nenhum militar norte-americano foi morto, até ao ataque perpetrado em 28 de janeiro na Jordânia.