EUA preocupados com combate ao tráfico na Guiné-Bissau
21 de julho de 2020Em conferência de imprensa telefónica, Heather Merritt, adjunta do secretário de Estado para o Gabinete para os Narcóticos Internacionais, disse nesta terça-feira (21.07) que Washington está preocupada com "questões de liberdade de expressão” na Guiné-Bissau e tem dúvidas sobre os esforços no combate ao tráfico de droga no país.
"A Guiné-Bissau é um dos pontos que o EUA está atento. Foi um problema durante muitos anos como palco do narcotráfico” e "estamos preocupados com o tipo de governo que está a ter e com o esforço que ele está a fazer ou não para prevenir o tráfico de drogas”, disse.
Em causa, explicou Heather Merritt, está a demissão da ministra da Justiça, Ruth Monteiro, e da diretora da Polícia Judiciária, Filomena Lopes. Ambas foram substituídas por membros do atual Governo, liderado por Nuno Nabian.
Bom desempenho
Esses responsáveis "tiveram resultados extraordinários” no combate ao tráfico de droga, recordou Merritt
Durante a direção de Filomena Lopes, a Polícia Judiciária guineense apreendeu mais de duas toneladas de cocaína, processos que foram concluídos já este ano com a condenação dos principais suspeitos. Esse resultado judicial é visto por Merritt como uma "grande vitória no combate à droga” e "um exemplo” para outros países.
Já a ex-ministra da Justiça Ruth Monteiro está atualmente em Portugal depois de ter denunciado estar a ser perseguida pelas atuais autoridades guineenses.
Em paralelo, os Estados Unidos estão preocupados com a "liberdade de expressão” no país, disse a adjunta do secretário de Estado norte-americano, sem dar mais pormenores.
"Plataforma de entrada de droga”
Os EUA reconheceram Umaro Sissoco Embaló como Presidente do país na sequência das eleições presidenciais de dezembro de 2019. O atual primeiro-ministro, Nuno Nabian, foi nomeado pelo chefe de Estado e o programa de Governo acabou por ser viabilizado pelo parlamento, após várias polémicas.
A África Ocidental, explicou Merritt, é hoje uma "plataforma de entrada” de cocaína vinda da América do Sul, como provam "as apreensões recorde feitas em Cabo Verde”.
Essas drogas "financiam o crime organizado” nos países da região e do Golfo da Guiné, bem como "redes de terrorismo”, acrescentou a responsável norte-americana.