Ex-candidato da Costa do Marfim nomeado ministro
15 de dezembro de 2020O ex-candidato independente à presidência da Costa do Marfim, Kouadio Konan Bertin (KKB), foi o único candidato da oposição que não boicotou as eleições de 31 de outubro, tendo sido assim o único opositor de Alassane Ouatarra na corrida. KKB, como também é conhecido, ficou em segundo lugar, com 1,99% dos votos, atrás de Ouattara, que conquistou 94,27% dos votos.
O ato eleitoral, boicotado pela oposição, ficou marcado pela violência, na qual 85 pessoas morreram e cerca de meio milhar ficou ferido entre agosto e novembro.
A violência cessou após uma reunião, em 11 de novembro, entre o Presidente Ouattara e o líder da oposição, o antigo Presidente Henri Konan Bédié, mas a oposição continua a contestar os resultados eleitorais.
KKB foi membro do principal partido da oposição, o Partido Democrático da Costa do Marfim (PDCI, em francês) e estará encarregado de resolver as atuais diferenças entre o Governo e a oposição, noticia esta terça-feira (15.12) a agência France-Presse.
"Consolidar ainda mais a coesão nacional"
O novo ministro terá de se bater com um processo de reconciliação nacional que pretende evitar uma repetição da crise pós-eleitoral de 2010-2011, quando a recusa do então Presidente, Laurent Gbagbo, em reconhecer a sua derrota eleitoral face a Ouattara resultou na morte de 3.000 pessoas.
Na segunda-feira (14.12), durante o seu discurso de tomada de posse de um controverso terceiro mandato, Ouattara anunciou a criação deste Ministério com o objetivo de "consolidar ainda mais a coesão nacional" e para a "reconciliação das filhas e filhos" da Costa do Marfim.
Contudo, salientou que "a violência e os atos intoleráveis" cometidos durante as eleições presidenciais "não devem ficar impunes".
Ouattara garantiu também que o primeiro-ministro do país, Hamed Bakayoko, irá "retomar as discussões" sobre a Comissão Eleitoral Independente com a oposição.
Neste momento, há negociações entre o Governo e a oposição, com alguns dos seus membros, como o seu porta-voz, Pascal Affi N'Guessan, ainda na prisão por quererem criar um "conselho nacional de transição".