Protesto na diáspora
6 de outubro de 2011Cerca de 70 angolanos que trabalhavam na antiga República Democrática (RDA) Alemã realizaram manifestação em Berlim pelo pagamento de contribuição previdenciária feita para o Estado angolano quando trabalhavam na antiga RDA.
Esta foi a terceira manifestação organizada pela Associação de ex-trabalhadores angolanos na extinta RDA, a República Democrática Alemã. Diante da embaixada de Angola em Berlim, os cerca de 70 manifestantes ergueram bandeiras do país e cartazes e entoaram suas demandas. São diversas reivindicações pendentes há anos.
Angolanos residentes em diversas cidades alemãs participaram do protesto. Desde 1987 no país, o mecânico industrial Miguel Bernardo cobra um pagamento do governo angolano. "Eu tenho para receber 230 mil dólares e queremos que o dinheiro seja transferido de Angola para cá (Alemanha)", disse.
Confusão no acordo
A última vez que os manifestantes angolanos se reuniram em frente à embaixada foi em 10 de fevereiro deste ano em um ato paralelo a outro protesto em Luanda. O resultado foi a assinatura do acordo de entendimento final entre o governo angolano e os manifestantes em Angola.
Mas o coordenador da Associação de ex-trabalhadores angolanos na extinta RDA, David André, diz que o grupo quer rediscutir o conteúdo do documento. "Nossos colegas que assinaram o acordo disseram que o fizeram pressionados. Depois de analisarmos o acordo, encontramos lacunas", explica o líder do movimento.
Conforme David André, os ex-trabalhadores da DDR querem uma tabela que defina as quantias a ser recebidas e exigem um acordo adicional para os "ex-trabalhadores angolanos que vivem na diáspora".
Apoio ao movimento de contestação
Além disso, os ex-trabalhadores angolanos na extinta RDA não estão de acordo com os valores negociados. O mecânico Zeca Santos chama a atenção para a falta de critério na definição das quantias a serem recebida. Ele diz que se esperava receber 220 mil dólares, mas que o valor apresentado no acordo seria bem menor.
"No princípio pagaram 3 mil, depois subiram para 7 mil, mas ninguém sabia por quê. Agora, falam em 2 mil e ninguém também sabe o motivo", explica. Santos diz que havia um prazo de 180 dias para que as transferências, mas poucas pessoas receberam o dinheiro após o período.
Os manifestantes pediram também a libertação dos angolanos presos no último dia 3 de setembro durante um protesto em Luanda. David André, pede respeito à liberdade de expressão. A reportagem da Deutsche Welle procurou a embaixada de Angola em Berlim para comentar as demandas dos manifestantes, por telefone e pessoalmente, mas não foi atendida.
Autor: Cris Vieira (Berlim)
Edição: Marcio Pessôa /António Rocha