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Exploração de areia em Malanje causa luto e preocupação

Nelson Domingos (Malanje)
22 de julho de 2021

Exploração de inertes na província angolana de Malanje causa mortes por soterramento. O facto preocupa as comunidades e o Governo promete "inviabilizar o garimpo ilegal".

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Symbolbild Somalia Wüste Entführung
Foto ilustrativaFoto: picture-alliance/Yannick Tylle

Mais de 1.500 toneladas de inertes diversos são exploradas diariamente por populares e empresas clandestinas na zona do Ritondo, província angolana de Malanje. A ação está a preocupar ativistas e moradores vizinhos do local de exploração. A inquietação subiu de tom quando se voltou a registar mais uma vítima mortal soterrada no espaço. 

Não há quem não se mostre preocupado com as enormes crateras criadas pela exploração de inertes como burgau, brita, entulho e areia, no bairro do Ritondo, arredores da sede da província angolana de Malanje. 

José Ngola é um dos moradores agastados com o quadro de dificuldades que passam. 

”Se este tudo cava-se, entra aqui as águas, e nessa estrada temos riscos de desabar. As crianças brincavam bem à vontade aqui nesta área, através das alturas que está aí atrás das casas. Quando as crianças sobem aí, podem cair, partir o pescoço ou morrer”, queixa-se.

Mais de 50 jovens de um núcleo de cinco associações de defesa do meio ambiente estão apreensivos e alertam para a situação.

Em declarações à DW África, o ativista André Matoso diz que a zona devastada é superior a uma área que pode caber 10 prédios de 12 andares cada. 

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”Nós estamos a ver com os nossos olhos feridas que já mais poderão ser curadas. Quando nós danificámos o meio com a exploração de inertes, nós afugentamos espécies específicas, há espécies de animais, de plantas, danificámos a fauna e a flora”, alerta Matoso.

Sustento da família em primeiro lugar

Nesta frente de exploração desenfreada de inertes estão também envolvidas crianças e senhoras. 

Laurinda Fernando é uma delas, começou esta atividade em 2014 e quase nada sabe sobre degradação do ambiente. 

"Ambiente de quê, filho! O Deus disse trabalha, por onde vais trabalha é por onde vai sair o teu pão. Estamos a cavar, agora se você não cavar a terra, vai comer aonde?!”, justifica Laurinda. 

A exploração ilegal é fonte de renda para mais de 200 operários. Pórem, o trabalho clandestino já provocou mortes. Pelo menos três pessoas morreram soterradas na zona de exploração, nos últimos meses… A mais recente foi este mês.

Cristóvão Quissequele e Domingos Fernando são dois garimpeiros que arriscam tudo em benefício da família.

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Consciente Quissequele diz: "Muito risco! Só estamos a depender do nosso senhor”.

"Nós temos a união, quando apertam uma pessoa aqui, nós temos a coragem de socorrer o outro, para aquele bocado que estamos a conseguir , vamos  juntando para enterrar o outro que morreu”, diz de forma solidária o garimpeiro Fernando. 

Ações do Governo 

Ramalho Alfredo, chefe de Departamento do Ambiente na província, afirma que perto de 50 camiões de burgau são explorados por dia com intuito de serem comercializados no valor de 30 euros cada. 

Mas Ramalho Alfredo assegura que se "está a envidar esforços de forma a se inviabilizar o garimpo ilegal de inertes e a interdição para qualquer pessoa no recinto”. 

Nelson Domingos (Malanje) Journalist