Explosão deixa feridos durante comício em Adis Abeba
23 de junho de 2018A explosão de uma granada deixou pelo menos um morto e cerca de 150 feridos neste sábado (23.06) em Adis Abeba, capital da Etiópia. O incidente ocorreu durante um grande comício em apoio ao novo primeiro-ministro do país, Abiy Ahmed, que, entretanto, não sofreu danos, segundo confirmou o próprio líder.
De acordo com imagens divulgadas pela Agência de Notícias Etíopes (ENA), a explosão aconteceu pouco depois que do discurso de Ahmed, na famosa praça Meskel, onde estavam dezenas de milhares de apoiantes. O primeiro-ministro, então, foi retirado do palpo por guarda-costas.
Segundo testemunhas, o ataque foi iniciado por um homem ainda não identificado. Outra testemunha disse à agência de notícias Reuters que o agressor com a granada havia sido jogado no chão pela polícia antes de o artefato explodir.
O ministro da Saúde, Amir Aman, disse que uma pessoa foi morta e 156 ficaram feridas, com 10 delas em estado grave.
"Primeiro-ministro era o alvo"
Um dos organizadores do comício disse que "o primeiro-ministro era o alvo". Ainda segundo Seyoum Teshome, "um indivíduo tentou arremessar a granada em direção a um palco onde o primeiro-ministro estava sentado, mas foi contido pela multidão". "Quatro ou mais policiais pularam em cima do homem armado e, durante aquela briga, a granada explodiu", acrescentou Seyoum.
Após o incidente, milhares de pessoas na praça Meskel correram para o palco. "A maioria delas foi ferida, mas não devido a granada, mas por causa da debandada", disse Seyoum. A polícia usou gás lacrimogêneo para limpar a área, enquanto um fotógrafo da AFP viu dois homens e duas mulheres presos.
"Ataques não vão impedir o Governo"
Num comunicado na televisão estatal, o líder do Governo etíope afirmou que o incidente foi uma tentativa deliberada de prejudicar pessoas inocentes e atribuiu o ataque às "forças que não querem ver a Etiópia unida". Abiy Ahmed prometeu que ataques deste tipo não vão impedir que a coligação governante, a Frente Democrática Revolucionária Etíope, aplique o seu programa reformista.
Abiy havia prometido à multidão em seu discurso na praça Meskel, em Adis Abeba, que ele traria mais transparência ao Governo e reconciliação a uma nação de 100 milhões de pessoas que foi dilacerada por protestos desde 2015.
A Eritreia, que há muito está em conflito com a Etiópia por uma linha de fronteira que Abiy tentou resolver, condenou o incidente deste sábado, assim como a União Europeia e os Estados Unidos (EUA).
Abiy assumiu o cargo em abril depois que seu antecessor, Hailemariam Desalegn, renunciou em fevereiro após protestos nos quais centenas de pessoas foram mortas entre 2015 e 2017. O estado de emergência foi temporariamente imposto para reprimir a agitação e foi levantado este mês.
Opositores queixam-se do Governo
Apesar de ostentar uma das economias que mais crescem em África, os opositores dizem que os benefícios não foram compartilhados de forma justa entre os grupos étnicos e regiões do país, que é dirigida pela mesma coligação governante há mais de um quarto de século. Abiy viajou por todo o país, prometendo tratar das queixas e abordar os direitos políticos e civis.
"Vamos superar o ódio com amor. Alguns cujo coração está cheio de ódio, eles tentaram um ataque com granada. O primeiro-ministro Abiy está a salvo. Todas as vítimas são mártires do amor e paz", afirmou no Twitter, o chefe de gabinete de Abiy, Fitsum Arega. "O primeiro-ministro envia suas condolências às vítimas. Os responsáveis serão levados à justiça", acrescentou Fitsum.
A embaixada dos EUA em Adis Abeba disse: "A violência não tem lugar enquanto a Etiópia busca reformas políticas e económicas significativas".