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Exército do Burkina Faso e golpistas assinam acordo

Glória Sousa / Reuters / AP23 de setembro de 2015

O exército e os autores do golpe de Estado no Burkina Faso assinaram, na noite desta terça-feira (22.09), um acordo para evitar confrontos. O entendimento aconteceu horas depois da cimeira da CEDEAO em Abuja, na Nigéria.

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Foto: Getty Images/AFP/I. Sanogo

O documento foi apresentado nas instalações de Mogho Naaba, líder dos Mossis (etnia maioritária no país), uma respeitada autoridade tradicional.

Entre os cinco pontos do acordo, o Regimento de Segurança Presidencial (RSP) do ex-Presidente Blaise Compaoré, que desencadeou o golpe de Estado de 17 de setembro, compromete-se a "aceitar o acantonamento" na sua base e "ceder os postos de controlo" que ocupa na capital, Ouagadugu.

Do outro lado, as forças "lealistas", como tem sido designado o exército, prometeram "recuar as tropas em 50 quilómetros" e garantir a segurança da guarda presidencial e das suas famílias.

Burkina Faso Unruhen in Ouagadougou
Protestos nas ruas da capital, OuagaduguFoto: Reuters/J. Penney

O acordo aconteceu horas depois da cimeira de líderes Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) em Abuja, na Nigéria, para discutir a crise no Burkina Faso.

No final do encontro, a CEDEAO decidiu enviar, já esta quarta-feira (23.09), uma delegação de chefes de Estado para que Michel Kafando, deposto no golpe de Estado da semana passada, volte a assumir as funções de Presidente de transição no Burkina Faso.

Os dirigentes apelaram ainda à guarda presidencial que deponha as armas e pediram também às outras unidades do exército que não usem a força, para evitar a perda de vidas humanas.

População nas ruas

Na terça-feira (22.09), centenas de pessoas saíram à rua na capital, numa manifestação de apoio ao exército fiel ao regime de transição. "Viemos para a praça nacional para apoiar os nossos irmãos de armas, mas também para condenar o comportamento da guarda presidencial que nos prejudicou", afirmou um dos manifestantes. "Não compreendemos como foi possível a guarda ter esquecido as manifestações populares de 30 e 31 de outubro do ano passado para agora voltar a tirar-nos tudo. Não queremos isso. Saímos à rua e sairemos sempre", prometeu.

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"Estamos muito satisfeitos com o que está a acontecer agora, porque sentimos que o exército do Burkina está a defender-nos e irá continuar a fazê-lo", disse um residente em Ouagadugu. "Agora a Guarda Presidencial não pode voltar a fazer asneiras. Temos orgulho no nosso exército porque veio para apoiar-nos".

Ao Burkina Faso deverá chegar ainda uma equipa de observadores militares e humanitários da CEDEAO para monitorizar o respeito pelos direitos humanos. O Presidente nigeriano, Muhammadu Buhari, também deverá encetar um diálogo político entre as várias partes tendo em vista uma solução sustentável para a crise política naquele país da África Ocidental.

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