Exército nigeriano diz que "normalidade foi restaurada"
9 de setembro de 2018Dezenas de jihadistas supostamente leais a uma facção apoiada pelo grupo do Estado Islâmico atacaram as tropas em Gudumbali, no estado de Borno, na passada sexta-feira (07.09), segundo autoridades locais e fontes de segurança.
Pelo menos oito civis teriam morrido e milhares forçados a fugir, no que foi a primeira grande ocupação de uma cidade pelos extremistas islâmicos em dois anos.
A este ataque seguiram uma série de outros ataques mortais contra as tropas, que colocam em questão repetidas alegações governamentais e dos militares de que o Boko Haram está enfraquecido a ponto de ser derrotado.
O porta-voz do Exército da Nigéria, brigadeiro-general Texas Chukwu, que no sábado (08.09) disse que "não estava ciente" do ataque, confirmou o incidente este domingo.
"O combate aconteceu quando os insurgentes atacaram a comunidade, incendiaram alguns edifícios e rapidamente se retiraram da comunidade", afirmou ele em um comunicado, acrescentando que "nenhuma vítima humana foi registrada“.
“As tropas se reagruparam e a normalidade foi restaurada. As tropas também foram reforçadas com para dominar a área geral," disse ainda Chukwu.
Retorno inseguro
Os militares nigerianos regularmente anunciam seus aparentes sucessos contra o Boko Haram e negaram veementemente os relatos anteriores de vítimas do exército em ataques.
Não houve verificação independente da alegação de Chukwu, já que o acesso às áreas fora da capital do estado de Borno, Maiduguri, é rigidamente controlado pelos militares.
Nove anos de conflitos, que custaram pelo menos 20 mil vidas no nordeste da Nigéria, também destruíram a infraestrutura de telecomunicações em áreas rurais.
Gudumbali é a área Guzamala de Borno e um dos vários lugares para onde pessoas deslocadas pelo conflito foram encorajadas a voltar.
Agências de ajuda que lidam com os efeitos humanitários da insurgência acreditam que os retornos estão a ser ditados pela política, com eleições marcadas para fevereiro do próximo ano.
O presidente Muhammadu Buhari, eleito em 2015 com a promessa de derrotar o Boko Haram, espera conseguir um segundo mandato de quatro anos.
Ele disse pela primeira vez que o Boko Haram foi "tecnicamente derrotado" no final de 2015 e recentemente disse que Borno estava em uma "fase de estabilização pós-conflito", apesar dos contínuos ataques.