Falta de eletricidade dificulta vida em Luanda
10 de abril de 2017Quando a luz é cortada, o barulho dos geradores toma conta da capital angolana, alternativa encontrada por alguns cidadãos para manterem as lâmpadas acesas e conservar os frescos. Mas há zonas onde reina a escuridão e o silêncio total porque nem todas as familias têm capacidade financeira para comprar um aparelho. E nem sempre existe combustível nas bombas de gasolina.
"A energia está mal, bem mal. Passamos o dia sem luz", desabafa Henrique Makikate, proprietário de uma recauchutagem na zona periférica de Luanda. "Trabalhamos na rua e a a recauchutagem trabalha com luz", lembra.
E quando não há luz, não há clientes, queixa-se também Adão Sebastião Madureira, responsável por um salão de beleza na Avenida Pedro de Castro Van-Dúnem "Loy". "Há clientes que gostam de cortar o cabelo com máquina e não posso fazê-lo porque o gerador avariou-se", lamenta.
Jorge Neto, chefe de redação do Jornal Manchete, também se queixa dos cortes constantes de energia elétrica. "É uma questão extremamente preocupante na medida em que até o nosso próprio trabalho é dificultado", afirma, sublinhando que os constantes cortes de energia afetam muitas vezes o fecho do jornal.
Falhas até de noite
A luz é garantida, em regra, no período da noite, sobretudo no centro da cidade. Mas nem sempre é assim. No último sábado (08.04), por exemplo, Luanda ficou às escuras, ao início da noite.
O corte obrigou à interrupção momentânea de dois jogos: o clássico entre o Petro de Luanda e o 1º de Agosto, a contar para a 9ª Jornada do Girabola, o campeonato angolano de futebol, que se disputava no Estádio 11 de Novembro, nos arredores de Luanda; e a partida de basquetebol entre o Inter Club e o Desportivo do Libolo, que decorria na cidadela desportiva, no centro da cidade.
O problema regista-se desde 11 de março, altura em que começou o enchimento da albufeira da barragem de Laúca, na província de Malanje, e deverá estender-se até junho, dois meses antes da realização das eleições gerais previstas para agosto.
Porém, Jorge Neto já não acredita que Laúca seja a causa do problema. "Como jornalista, tenho fontes na hidroelétrica de Laúca e sei que Laúca já não tem problemas de água, a albufeira já atingiu o seu limite", diz. Sem avançar detalhes, o chefe de redação do Jornal Manchete afirma ainda que "há outras situações que o Governo não quer explicar".
O projeto hidroelétrico de Laúca custou aos cofres do Estado angolano cerca de quatro mil milhões de euros, para produzir, até final do ano, 2.067 MegaWatts para Luanda e a zona norte do país.