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Angola: famílias de ativistas assassinados fazem "ultimato"

31 de maio de 2017

Familiares de Alves Kamulingue e Isaías Cassule, assassinados em 2012, afirmam que se, até junho, não obtiverem resposta, irão levar caixões para a porta da Procuradoria-Geral da República.

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Angola Luanda Justizpalast
Foto: DW/C.V. Teixeira

A justiça angolana condenou os agentes dos serviços secretos que assassinaram, há cinco anos atrás, os ativistas Alves Kamulingue e Isaías Cassule, a penas de prisão. No entanto, até agora, os familiares dos ativistas não receberam, nem as certidões de óbito, nem o dinheiro da compensação do Estado.

Fartas de esperar, as famílias dos ativistas deram um prazo às autoridades. Se até junho não obtiverem resposta, prometem levar caixões para a porta da Procuradoria-Geral da República angolana.

Em entrevista à DW, Adão Cassule, um dos familiares de Isaías Cassule, afirma que a Procuradoria-Geral da República "está à espera de um escândalo" desta família. "Há dias, a mãe deu-nos a ideia de preparar urnas e caixões para depositar na porta da Procuradoria-Geral da República e cobrar os nossos irmãos, que foram mortos. [Queremos que nos dêem] os corpos", afirma.

Há cinco anos que os familiares esperam pelas ossadas e certidões de óbito de Kamulingue e Cassule. Sem isso, não podem realizar os funerais. Os dois ativistas foram mortos por agentes dos Serviços de Inteligência do Estado, ao tentar realizar uma manifestação em Luanda.

31.05.2017 Familiares Kamulingue e Cassule - MP3-Mono

Indemnizações não foram pagas

Em março do ano passado, os acusados da morte de Kamulingue e Cassule foram condenados a penas de prisão que variam entre 14 e 17 anos. A justiça angolana determinou ainda o pagamento de quatro milhões de kwanzas de compensação (cerca de 22 mil euros) a cada uma das famílias. Mas os familiares dizem que, até agora, não receberam o dinheiro e que a única coisa que o Estado fez foi entregar duas residências. Ainda faltam os documentos prediais.

Horácio Essuvi, familiar de Aves Kamulingue, exige que a decisão do tribunal seja cumprida. "Enquanto eles não cumprirem com aquilo que se concordou, nós não vamos parar", afirma.

A DW tentou contactar a Procuradoria-Geral da República, sem sucesso. Também não foi possível contactar os advogados dos familiares.

No final do ano passado, em entrevista à DW África, um dos advogados das famílias, Zola Bambi, garantiu que estavam em curso negociações com as autoridades.

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