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Prazo para desativação das bases da RENAMO não foi cumprido

23 de agosto de 2019

Estava prevista para o dia 21 de agosto (quarta-feira), a desativação das bases militares da RENAMO, no quadro da implementação do DDR. Mas não aconteceu devido a "complexidade do processo”, segundo a RENAMO.

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Mosambik Renamo Rebellen in den Bergen von Gorongosa
Foto: Jinty Jackson/AFP/Getty Images

O prazo para a desativação das bases militares da RENAMO (Resistência Nacional Moçambicana), no processo de implementação do Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) dos homens residuais do maior partido da oposição moçambicana, expirou na última quarta-feira (21.08.). No entanto, as bases não foram desmanteladas como previsto.

A DW África ouviu o porta-voz da RENAMO, José Manteigas que justifica esse não foi cumprimento devido a "complexidade do processo”. Mas garantiu que nada está comprometido, porque a sua formação política quer a conclusão deste processo o mais cedo possível.

Manteigas que se encontra neste momento em Montepuez, distrito da província de Cabo Delgado, a acompanhar o líder do RENAMO, Ossufo Momade, num périplo de pré-campanha eleitoral que está a fazer à zona norte do país, reafirmou que o seu partido está em conversações com a autoproclamada "Junta Militar da RENAMO”, para que nada comprometa a paz no país.

DW África: O dia 21 de agosto era a data prevista para a desativação das bases militares da RENAMO no âmbito do Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR). Mas isso não se verificou. Há alguma razão que fez com que o prazo não fosse cumprido do vosso lado? José Manteigas (JM): O processo está a decorrer. Como sabe os guerrilheiros da RENAMO estavam pelo país todo nas bases. E o processo não é fácil ser concluído em menos de 10 ou 20 dias. Devo garantir que ambas as partes [Governo e a RENAMO] estão a trabalhar para que este processo termine o mais rápido possível. Portanto, não falhou nada, simplesmente é a dinâmica e a complexidade do trabalho que está a provocar esta morosidade. 

Fim do prazo para desativação das bases da RENAMO. O que falhou?

DW África: Há reajustamento do cronograma de implementação do processo?

JM: Não sei dizer porque não faço parte do grupo de monitoramento e verificação da implementação da cessão das hostilidades, mas devo dizer que é um processo complexo, por isso leva algum tempo e não há nada que esteja a impedir o seu desfecho. O trabalho está a correr normalmente e nós [RENAMO], somos os mais interessados. Queremos que este processo termine o mais rápido possível.

DW-África: Há indicações de que ainda não há dinheiro suficiente para implementação do DDR. Será esta uma das razões para esta morosidade?

José Manteigas, Sprecher von RENAMO Nationalrat in Beira
José Manteigas, porta-voz da RENAMOFoto: DW/Arcénio Sebastião

JM: Não sei, mas o que tenho como facto é que quer o Governo moçambicano, assim como a comunidade internacional comprometeram-se a dar todo apoio para que o DDR seja concluído dentro dos prazos previstos. 

DW África: Face as recentes ameaças da autoproclamada "Junta Militar da RENAMO” a chefe da vossa bancada no Parlamento, Ivone Soares, disse que o partido iria resolver o assunto interinamente por considera-lo "familiar”. De que forma o mesmo está a ser tratado dentro da RENAMO, para que não comprometa os prazos de implementação do DDR?

JM: Os meios ou métodos de resolução não vamos revelá-los publicamente. Eles são membros da RENAMO, até que provem o contrário, e acredito que também lhes interessa que tenhamos este problema resolvido. Interinamente vão ser encontrados métodos para que esta situação seja ultrapassada.     

DW África: Sem comprometer os prazos do DDR?

RENAMO Guerillakämpfer in Gorongosa, Mosambik
Mariano Nhongo (esq) líder da "Junta Militar da RENAMO"Foto: DW/A. Sebastiao

JM: Acho que não vai comprometer. Eles também estão interessados no DDR.

DW África: O périplo que o senhor Ossufo Momade está a fazer pelas províncias é fruto do Acordo de Paz Definitiva e Reconciliação Nacional, assinado a 06 de agosto. Como é que está ser garantida a segurança dele?

JM: Temos a nossa segurança. Devo confessar que também nos beneficiamos da proteção da Polícia da República de Moçambique (PRM). O acordo prevê o respeito pela convivência pacífica entre os partidos políticos. Pelo menos neste périplo que iniciou agora isso está a ser concretizado, porque não tivemos perturbações desde Nampula até aqui em Cabo Delgado. E queremos confiar que este ambiente prevaleça para sempre.  

DW África: Quais são as províncias que vão ser escaladas nesta visita do sr. Ossufo Momade?

JM: Depois de Cabo Delgado vamos à província do Niassa. E só depois disso é que iremos ver qual será o próximo passo, até porque já estaremos a entrar em período de campanha eleitoral.

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