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FLEC exige libertação de manifestantes em Cabinda

Lusa | tms
2 de fevereiro de 2019

Mais de 30 manifestantes foram detidos por organizar marcha pacífica em Cabinda, denuncia o movimento independentista daquela região. FLEC diz que Angola está a promover "terrorismo de Estado".

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Foto: DW/C. Luemba

A Frente de Libertação do Estado de Cabinda (FLEC) acusou Angola de estar a exercer "terrorismo de Estado" em Cabinda e pediu a libertação dos mais de 30 jovens do movimento que foram detidos pelas autoridades angolanas.

"Exigimos a libertação imediata e sem condições dos manifestantes. Nós temos direito à nossa autodeterminação e à nossa identidade. Estamos a ser reprimidos por Angola e denunciamos a repressão violenta que sofremos por parte dos angolanos", disse Jean Claude Nzita, porta-voz da FLEC, em declarações à agênvia de notícias Lusa esta sexta-feira (01.02).

Na terça-feira, as autoridades angolanas detiveram 32 pessoas de forma a tentarem evitar a realização de uma marcha pacífica em Cabinda para assinalar o 134.º aniversário do Tratado de Simulambuco. 

Já na sexta-feira, numa mensagem na rede social WhatsApp, o Movimento Independentista de Cabinda (MIC) afirmou que a "polícia colonial angolana" deteve nesse dia o secretário-geral da organização, Carlos Vemba.

"Estamos a ser impedidos de nos exprimir livremente, como ficou patente na detenção dos manifestantes. Angola está a exercer um terrorismo de Estado sob a população de Cabinda", acrescentou Jean Claude Nzita, que vive em Paris, França.

 Jean Claude Nzita - FLEC-FLAC
Jean Claude Nzita, porta-voz da FLECFoto: privat

Responsabilidades

Para a FLEC, Portugal é o culpado desta situação por continuar a fugir às suas responsabilidades e não ter assumido os seus compromissos com a província de Cabinda. "O responsável de tudo isto é Portugal e os portugueses sempre fugiram às suas responsabilidades, mantendo uma postura hipócrita em relação à nossa situação", vincou o porta-voz.

O Tratado de Simulambuco foi assinado em 01 de fevereiro de 1885 pelo representante do Governo português, Guilherme Augusto de Brito Capello, então capitão tenente da Armada e comandante da corveta "Rainha de Portugal", e pelos príncipes, chefes e oficiais do reino de N'Goyo. O tratado colocou Cabinda sob protetorado português e foi elaborado antes da Conferência de Berlim, que dividiu África pelas potências europeias. 

A procura da independência data, no entanto, de 1956, quatro anos depois da união administrativa com Angola, com a formação do Movimento de Libertação do Enclave de Cabinda (MLEC) e, em 1963, dois anos depois do início da guerra em Angola, são criados o Comité de Ação da União Nacional dos Cabindas (CAUNC) e a Aliança Maiombe (ALLIAMA).

A Frente de Libertação do Enclave de Cabinda (FLEC) é fundada nesse mesmo ano, como resultado da fusão dos movimentos existentes e de forma a unir esforços que sensibilizassem Portugal para o desejo de independência. Mais recentemente, a FLEC passou a designar-se Frente de Libertação do Estado de Cabinda.

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