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FMI aprova extensão de crédito para Angola

26 de janeiro de 2011

O Fundo Monetário Internacional, FMI, aprovou a extensão do crédito concedido a Angola no valor de 178 milhões de dólares. Assim, o total concedido pelo FMI a este país desde 2009 é de cerca de mil milhões de dólares.

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O FMI pede maior transparência nas contas públicas de AngolaFoto: DW

Mais de 90% das exportações de Angola estão ligadas ao petróleo e o preço do crude estava mais baixo quando o país começou a parceria com o FMI do que actualmente. Angola continua a precisar do FMI defende Edward George do instituto britânico de análise económica, Economist Intelligence Unit - EIU.

DW: Angola precisa dos programas do Fundo Monetário Internacional?

Edward George: Havia uma crise financeira muito forte em 2008 e 2009, as receitas internacionais baixaram precipitadamente e eram necessárias os programas do FMI que no total são cerca de 2,3 biliões de dólares, mas as reservas internacionais ainda não se recuperaram bem. São melhores que antes, mas o crescimento é muito lento e isso mostra as dificuldades que o governo tem para pagar a divida interna e também de apoiar o Kuanza no mercado internacional, por isso é necessário ter ajuda do FMI. Mas também é necessária a ajuda e o conselho do FMI quando se trata de política económica.

DW: O FMI reconhece que em Angola o pagamento dos salários em atraso continua a acumular-se. De que critérios para a aprovação do crédito podemos então falar?

Edward George: O FMI acha que o governo vai pagar o resto da divida interna no fim de março, e essa divida já chega aos 9 biliões de dólares, na sua maioria a empresas de construção de Portugal e do Brasil. Isso foi o reflexo da crise que afetou Angola em 2008 e 2009, e parece que neste momento o governo está a pagar os salários como deve, mas há um risco muito grande de acontecer outra crise financeira se o preço do petróleo baixar rapidamente e se a produção de petróleo não aumentar. Parece que em novembro e dezembro a produção sofreu uma baixa forte, e ninguém sabe exatamente porque é que isso aconteceu... mas se não acontecer um incremento na produção, poderá haver outra crise financeira.

DW: Aumentar a transparência no setor público angolano é um objectivo importante diz o FMI. É o que se tem verificado?

Edward George: O problema da transparência continua. Só em dezembro a organização Global Witness fez um inquérito sobre as contas fiscais do petróleo do governo e achou grandes diferenças entre as contas do Ministério das Finanças, da Sonangol e do Ministério do Petróleo. As diferenças eram enormes, eram milhões de barris de petróleo e biliões de dólares. Então, eu acho que há muita necessidade de fazer mais trabalho para melhorar a transparência.

É claro que o governo tem feito bastante, por exemplo os website do Ministério das Finanças publicam as contas fiscais do petróleo, mas o problema é que os dados não são completos e há muitas diferenças entre departamentos e assim torna-se difícil entender exactamente como o governo está a gastar o dinheiro e a quantidade de dinheiro que recebe. Mas sem duvida a meta para melhorar a transparência precisa de muito mais trabalho.Ainda existe muita confusão sobre as contas fiscais do governo especificamente referentes ao petróleo.

Autor: Marta Barroso
Revisão: Nádia Issufo/António Rocha