FMI prevê subida de preços em Moçambique
13 de junho de 2011Depois de terem atingido o ponto mais alto na segunda metade de 2008, os preços dos alimentos em Moçambique voltaram a baixar para, em 2009, registarem novamente aumentos significativos. No ano passado, a alta de preços atingiu sobretudo o trigo e o milho. Agora, teme-se uma onda de contestação social: no país, não só os preços aumentam como a taxa de desemprego, sobretudo entre os jovens, se mantém alta. Victor Led, representante do Fundo Monetário Internacional, FMI, em Moçambique, lembra ainda o recente aumento do preço do petróleo, que, segundo previsões da instituição, deverá atingir uma nova subida de "até 35 por cento em 2011" para os países importadores de crude, o que "implicará o agravamento significativo dos seus termos de troca".
Entretanto, líderes religiosos estão preocupados com a subida de preços, pois temem que haja novos focos de conflito e de instabilidade que se podem alargar a todo o país. Por isso, apelam à sociedade civil e aos partidos políticos para que mantenham o diálogo. Marcos Macamo, do Conselho Cristão de Moçambique, por exemplo, mostra-se a favor da comunicação: "Temos de saber partilhar os espaços e, acima de tudo, usar os mecanismos legais que a democracia nos dá".
Com uma crise alimentar e preços elevados, as confissões religiosas destacam a importância de o governo proteger os grupos vulneráveis da fome através de subsídios direcionados em vez de disponibilizarem subvenções para alimentos e combustíveis a grande parte da população.
Sheik Aminudin, do Conselho Islâmico de Moçambique, nota que há um desequilíbrio social e que "nós estamos a trabalhar no sentido de eliminar esse desequilíbrio".
O crescimento da procura global, as dificuldades de fornecimento, condições climáticas adversas, mas também a especulação dos mercados financeiros são outros fatores que contribuem para a subida dos preços.
Autores: Romeu da Silva (Maputo)/Marta Barroso
Edição: António Rocha