Fome e islamismo em África: Temas em foco na imprensa alemã
4 de outubro de 2013Uma em cada oito pessoas sofre de fome crónica no mundo, revela um relatório das Nações Unidas divulgado esta terça-feira (01.10) em Roma. A África subsaariana fez progressos modestos e continua a ser região com a mais alta prevalência de subnutrição, com uma em quatro pessoas a passar fome.
O Frankfurter Allgemeine Zeitung comenta o tema da seguinte forma: Os progressos no que diz respeito ao combate à fome são poucos no continente africano e sobretudo na África subsahariana.
Nos últimos 20 anos, a percentagem de subnutridos diminuiu, é certo. Mas apenas de 33% para cerca de 25%. Isso sabe a pouco.
Segundo a ONU, a fome está frequentemente ligada à instabilidade política.
São necessárias medidas suscetíveis de melhorar a situação económica das camadas mais pobres no continente africano.
Partido Ennahda quer voltar reforçado ao poder
Na Tunísia, depois de várias semanas de protestos, o partido islâmico Ennahda informou que vai retirar-se do governo, entregar o poder aos tecnocratas e iniciar conversações. O Süddeutsche Zeitung explica que a retirada dos islamitas do Ennahda do governo se deve ao medo de virem a compartilhar o mesmo destino que a Irmandade Muçulmana no Egito.
O derrube do Presidente Mohammed Morsi, no Egito. foi acompanhado de perto pelos colegas da Tunísia que observaram a onda de violência que se gerou no país. Nas entrelinhas dos discursos do líder do Ennahda, Rachid Ghannouchi, já há algum tempo se percebiam temores de que " algo semelhante " pudesse acontecer na Tunísia. Mas tudo indica que o Ennahda se consiga renovar nos próximos tempos e possa mesmo sair reforçado das próximas eleições na Tunísia.
A revista Der Spiegel debruça-se sobre a génese e a importância dos vários grupos terroristas islamicos que atuam no continente africano. De acordo com a revista, esses grupos dispõem de muito dinheiro, de muitas armas, de muitos contactos, assim como de muito espaço para se retirarem quando necessário.
No Mali, na Argélia e noutros países do norte e oueste de África atuam os combatentes da Aqmi, Al-Qaida no Magrebe islamico. Na Nigéria é a seita radical-islamica Boko Haram, e na África oriental é o AL-Shabab, que - tudo indica é o grupo mais forte, com mais de 5mil homens armados, e dispostos a matar e morrer pelas causas que dizem serem sagradas."
Grupos islâmicos ameaçam a paz
O General-Anzeiger, editado em Bona, publica um retrato de um terrorista islamista de descendência alemã. Trata-se de Andreas M., que - tudo o indica - terá participado no atentado da Al-Shabab contra um centro comercial na capital queniana de Nairobi.
Segundo o jornal, Andreas M., hoje com 41 anos de idade, integrou um grupo islamista na cidade de Bona nos anos 90. Há alguns anos casou-se com uma cidadã da Eritreia, na altura residente na cidade alemã de Colónia.
Depois terá feito um treino militar na região fronteiriça entre o Afeganistão e o Paquistão. Mais tarde mudou-se para a Somália, onde - tudo indica - terá ascendido a uma posição de liderança.
Serviços secretos de Israel alertaram Quénia
O Berliner Zeitung publica um artigo sobre o atentado de Nairobi, perpetrado pelas forças Al-Shabab e que vitimou pelo menos 72 pessoas. Segundo o jornal alemão, as vítimas poderiam ter sido evitadas, se as autoridades quenianas tivessem levado a sério um alerta lançado - poucos dias antes do atentado - pelos serviços israelitas de informação.
O dossiê dos serviços secretos israelitas foi enviado a quatro diferentes ministérios quenianos: ao da defesa, dos negócios estrangeiros, das finanças e do interior. Além disso também foi enviado à chefia das Forças Armadas quenianas.
As informações contidas nesse dossiê eram bastante concretas, mas não foram levadas a sério. O Parlamento queniano tenta agora apurar quem são os responsáveis.