Francis Kéré: O mestre da arquitetura do Burkina Faso
Diébédo Francis Kéré era a única criança da sua aldeia que sabia ler. Hoje, este mestre vivo da arquitetura é mundialmente famoso e tem obras afrofuturistas e tradicionais que podem ser encontradas em toda a parte.
Melhores salas de aula
Diébédo Francis Kéré nasceu em 1965 no Burkina Faso, um dos países menos desenvolvidos de África. Kéré era o filho mais velho do chefe da aldeia e o primeiro da sua comunidade a frequentar a escola. A sua sala de aula em Gando foi construída com blocos de cimento e não tinha ventilação, nem luz. Foi aqui que Kéré prometeu um dia melhorar as escolas do país.
Uma escola para a sua aldeia
Kéré foi para Berlim para estudar arquitetura. Mais tarde construiu a sua primeira obra, a Gando Elementary School, em 2001. O projeto ganhou o prestigioso Prémio Aga Khan em 2004, concedido a prédios em países com grande população muçulmana. Kéré completou os seus estudos em 2004 e estabeleceu uma fundação para projetos em vários países africanos.
Climatizado e arejado
Kéré é adepto da construção amiga do clima. No Mali, projetou o restaurante para visitantes do Parque Nacional de Bamako. As grandes saliências dos telhados de zinco proporcionam sombra e também contribuem para a climatização natural dos edifícios. Estes são revestidos em pedra local, dando identidade ao espaço e reduzindo os custos de construção.
Materiais locais
Em 2016, Kéré criou o Liceu Schorge em Koudougou, Burkina Faso. Com materiais locais, ventilação natural e design moderno, construído por trabalhadores da terra, o edifício representa qualidades encontradas também em outros projetos de Kéré. O mobiliário da escola é feito de madeira de lei, uma madeira de maior durabilidade, e a estrutura do telhado é constituída por sucata de aço.
Um lugar para encontros interculturais
A vila da ópera no nordeste da capital Ouagadougou surgiu depois de uma colaboração entre Kéré e Christoph Schlingensief, uma figura chave na cena cultural alemã. Apartamentos, estúdios, uma escola e um centro de saúde estão agrupados em torno da casa de ópera.
Muitas possibilidades
A ópera é projetada em forma de espiral, cuja forma aberta simboliza a liberdade das muitas possibilidades. O coração da vila da ópera ainda não está pronto. Mas a imagem gerada no computador mostra como deve ser a casa de ópera, chamada "Remdoogo" ("ponto de encontro", em tradução do zulu para língua portuguesa).
Afro-futurista, mas tradicional
Na capital senegalesa Dakar, Francis Kéré projetou o novo Goethe-Institut. A sua abordagem é holística, afro-futurista e tradicional ao mesmo tempo. Para isso, Kéré usa os chamados tijolos BTC: tijolos de terra comprimida, um material tradicional com uma aparência moderna. O uso de materiais de construção locais faz sentido tanto ecologicamente quanto em termos de tecnologia climática.
De África para o mundo
A arquitetura de Kéré (na foto é um pavilhão em Londres) pode ser encontrada em todo o mundo: na Europa, EUA, Mali, Quénia e Moçambique. Existem novos projetos em curso, como as assembleias nacionais em Ouagadougou e em Porto-Novo, no Benin. Kéré também planeia uma escola Waldorf em Weilheim, na Alemanha, e uma torre para a Universidade Técnica de Munique.