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FRELIMO mantém-se com a liderança por definir

Silaide Mutemba (Maputo)
7 de abril de 2024

A seis meses das eleições gerais e presidenciais em Moçambique, a FRELIMO ainda não tem um candidato oficial, o que tem suscitado perguntas e preocupações entre analistas políticos e cidadãos.

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Mosambik Maputo | Filipe Nyusi, Präsident
Foto: Israel Zefanias/Xinhua/IMAGO

As expectativas estavam altas entre os moçambicanos para a terceira sessão do Comité Central da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) durante este fim de semana. A sociedade aguardava o anúncio do candidato do partido para as próximas eleições gerais e presidenciais, mas o Presidente da República e chefe máximo do partido no poder, Filipe Nyusi, confirmou que será a Comissão Política do partido a propor os nomes dos candidatos

"Esperamos, como foi deliberado, que dentro dos próximos dias este processo encontre o seu desfecho, isto é, a Comissão Política submeterá ao Comité Central as propostas referentes às candidaturas da FRELIMO a Presidente da República o mais breve possível, tendo em conta o calendário eleitoral", sublinhou.

Durante a sessão, foi aprovada a diretiva sobre o perfil dos candidatos para a eleição presidencial; Assembleia da República; Assembleia Provincial; e cabeça de lista para o Governo da Província.

A falta de um candidato oficial da FRELIMO tem sido objeto de intensa especulação e análise por parte de observadores políticos.  Para o analista político Ernesto Júnior, a hegemonia do partido no poder no cenário político moçambicano dificilmente será abalada. Mesmo com a incerteza em torno da nomeação do candidato, a estrutura do partido poderá compensar os desafios da campanha eleitoral.

A Constituição moçambicana impede que um mesmo Presidente da República tenha mais do que dois mandatos consecutivos, o que impede Filipe Nyusi de concorrer a nova corrida eleitoral
A Constituição moçambicana impede que um mesmo Presidente da República tenha mais do que dois mandatos consecutivos, o que impede Filipe Nyusi de concorrer a nova corrida eleitoralFoto: DW/D. Anacleto

"A FRELIMO é um partido de massas. O partido FRELIMO é que faz o candidato e não é o candidato que faz o partido", comentou. "A FRELIMO é uma máquina organizada que arrasta as massas e qualquer um que esteja à frente da FRELIMO corre o risco de vencer as eleições", frisou.

Para Adriano Nuvunga, analista e ativista político, o facto de o Comité Central ter sido convocado sem ter em conta a eleição interna é um mau sinal sobre a gestão do partido. "O centralismo político concentrado na figura do Presidente impediu que isso acontecesse por ditadura do presidente do partido", opinou.

Nuvunga diz que não debater a eleição interna dos candidatos é uma manobra que revela que há interesses ocultos de Filipe Nyusi.

"Poderiam talvez eleger um candidato que não fosse aquele que ele quer e ele quer um candidato da sua preferência", considerou.

Já Ernesto Júnior entende que a postura da FRELIMO é influenciada pela desordem política no país. "A desorganização que está na RENAMO [Resistência Nacional Moçambicana] e em outros partidos políticos tem acomodado a própria FRELIMO. Se a RENAMO tivesse um candidato forte, aí sim haveria uma preocupação... Mas a FRELIMO e o MDM [Movimento Democrático de Moçambique] não constituem nenhuma ameaça para a FRELIMO", concluiu.

As eleições gerais e presidenciais estão agendadas para 9 de outubro. Os interessados deverão submeter a sua candidatura à Comissão Nacional de Eleições entre os dias 13 de maio e 10 de junho.

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