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FRELIMO nega crise interna: "Ganhámos em 64 autarquias"

8 de novembro de 2023

Após críticas de notáveis da FRELIMO, porta-voz nega crise no partido no poder em Moçambique e diz que estes temas devem ser tratados a nível interno. "Falar de crise quando ganhámos em 64 autarquias é complicado", diz.

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FRELIMO desmente crise interna e reitera "vitória merecida"
Foto: Bernardo Jequete/DW

Nos últimos dias, membros sénior e influentes da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) têm vindo a denunciar em praça pública, através de cartas, a suposta "captura" do partido por grupos com interesse adversos à filosofia da organização.

O "tom das críticas" subiu após as eleições autárquicas, que, segundo a oposição, foram marcadas por “megafraude”, para favorecer o partido no poder.

Samora Machel Júnior, Teodato Hunguana e Graça Machel são três das figuras destacadas da FRELIMO que condenam uma suposta captura da direção do partido. 

No entanto, em entrevista à DW África, Ludmila Maguni, porta-voz da FRELIMO, defende que o partido tem fóruns apropriados para discutir os seus problemas. E nega que a formação política esteja a passar por uma crise interna.

DW África: Como é que o partido reage às sucessivas cartas de membros influentes, que denunciam algum desconforto com o rumo dos acontecimentos dentro da FRELIMO?

Ludmila Maguni (LM): A nossa primeira reação em relação a isso é que o partido tem fóruns apropriados para discutir matérias que são inerentes à própria FRELIMO. Então, pensamos que todas as cartas que foram postas a circular deveriam ser dirigidas diretamente ao partido para que sejam analisadas e os assuntos que estão a ser levantados sejam tratados a nível interno.

Graça Machel defende que o partido no poder, deve "reconhecer honestamente as derrotas" e "pedir desculpas ao povo"
Graça Machel sugere uma reunião nacional de quadros da FRELIMOFoto: Luca Bruno/AP/picture alliance

DW África: Como interpretam o facto de algumas destas cartas virem de membros, alguns dos quais do Comité Central da FRELIMO?

LM: São pessoas que têm acesso a todo o nível da direção do partido e podem se aproximar facilmente e colocar todas as situações que lhes preocupam. É difícil definir o que o outro pensa, mas eles têm toda a possibilidade de colocar estas questões à direção do partido.

DW África: Quando se diz [nas cartas] que há membros infiltrados dentro da FRELIMO, isso preocupa-vos ou não, como formação política?

LM: Se eles apontam para infiltrados é porque devem reconhecer quem são esses infiltrados. Então, o nosso posicionamento é que possam dizer quem são esses infiltrados para que o partido possa dar o devido seguimento a este assunto.

DW África: Mas como reage à aparente crise interna dentro da FRELIMO?

LM: Há várias opiniões em torno do partido neste momento. Mas nós internamente temos estado a trabalhar. Os resultados que tivemos nestas eleições autárquicas, com base no trabalho dos militantes do partido, indica-nos que estivemos todos juntos com bastante força para trazer os resultados que tivemos. Então, falar de crise quando ganhámos em 64 autarquias [das 65] é bastante complicado.

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DW África: Estas críticas ganharam tom logo após as eleições autárquicas marcadas por grandes irregularidades. Mas também houve um silêncio da FRELIMO face a estas irregularidades. Não serão estas cartas uma resposta de alguns membros da FRELIMO que não concordam com a forma como as eleições decorreram?

LM: Seria importante também rever como é que nós trabalhamos até chegar a esta vitória. Houve todo um conjunto de trabalho de nível de base até conseguirmos os resultados. Então, penso que os camaradas também acompanharam este processo e deviam fazer uma análise mais profunda tomando em consideração estes aspetos. Nós estamos bastante tranquilos pela como decorreu o processo eleitoral. E agora é só esperar pela homologação dos resultados pelo Conselho Constitucional..  

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