G7 reunido para unificar posições sobre Médio Oriente
7 de novembro de 2023O encontro entre os ministros dos Negócios Estrangeiros do Grupo dos Sete países mais industrializados do mundo (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão, Reino Unido) e o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, hoje (07.11) e quarta-feira, em Tóquio, deverá abordar os desenvolvimentos mais recentes do conflito entre Israel e o grupo islamita Hamas.
O principal objetivo da atual presidência japonesa do G7 é que desta reunião saia uma "mensagem unificada, que ajude a acalmar a situação no Médio Oriente", afirmou o porta-voz do Executivo japonês, Hirokazu Matsuno, em conferência de imprensa realizada na segunda-feira em Tóquio.
O Japão é a favor da aplicação de uma "pausa humanitária" para permitir a entrada de ajuda na Faixa de Gaza e facilitar as operações de resgate de reféns, posição que a ministra dos Negócios Estrangeiros japonesa, Yoko Kamikawa, transmitiu ao Governo israelita durante uma visita a Telavive no fim de semana passado.
A posição japonesa é semelhante à dos Estados Unidos, cujo secretário de Estado, Antony Blinken, também defendeu, na sua recente visita a Israel, uma pausa humanitária nas ofensivas israelitas.
Netanyahu aberto a "pequenas pausas"
Na altura, Blinken não parecia ter conseguido convencer o Governo de Benjamin Netanyahu. Entretanto, esa segunda-feira, em entrevista ao canal norte-americano ABC, o primeiro-ministro israelita voltou a rejeitar um cessar-fogo, mas mostrou-se aberto à possibilidade de pausas táticas nas operações terrestres das Forças de Defesa Israelitas contra o Hamas na Faixa de Gaza.
"Quanto a pequenas pausas táticas - uma hora aqui, outra ali - já o fizemos no passado. Suponho que vamos verificar as circunstâncias de forma a permitir a entrada de bens humanitários, ou a saída dos nossos reféns", dissde Netanyahu em entrevista ao canal norte-americano ABC, na segunda-feira. "Mas penso que não vai haver um cessar-fogo geral", frisou.
Netanyahu discutiu estas potenciais pausas com o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, ao telefone, na segunda-feira, adiantou a Casa Branca.
"Consideramos que estamos no início destas conversações, não no fim", disse o porta-voz do Conselho Nacional de Segurança dos EUA, John Kirby. "Vamos continuar a defender pausas temporárias e localizadas nos combates".
Protestos japoneses sobem de tom
Tal como os Estados Unidos, o Japão, um país que mantém relações tradicionalmente amistosas tanto com Israel como com os países árabes do Médio Oriente - é altamente dependente das importações do seu petróleo - também não apoiou os pedidos de cessar-fogo no conflito.
No entanto, Tóquio elevou recentemente o tom dos seus protestos contra o crescente número de vítimas civis nos bombardeamentos do exército israelita a Gaza, além de reafirmar o seu apoio à "solução de dois Estados" para pôr fim ao conflito.
Espera-se que da reunião do G7 em Tóquio surja uma declaração conjunta que possa contribuir para acalmar a situação e, ao mesmo tempo, ajustar as diferentes sensibilidades entre os países do grupo, referiram fontes diplomáticas citadas pela agência de notícias espanhola Efe.
Ucrânia também em debate
A guerra na Ucrânia será outro dos principais pontos da agenda dos ministros dos Negócios Estrangeiros do G7, que apelarão a que "não se esqueça" o conflito, que ficou em segundo plano devido à escalada das hostilidades no Médio Oriente.
Os países do G7 já se comprometeram a prestar ajuda à Ucrânia "durante o tempo que for necessário" e "por todos os meios possíveis", durante a cimeira de líderes realizada em maio passado na cidade japonesa de Hiroshima.
Agora, querem revalidar a mensagem face à estagnação do conflito e aos debates internos que decorrem em alguns dos países sobre a continuidade da ajuda a Kiev.