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PolíticaGabão

Gabão: Um golpe anunciado?

Henry-Laur Allik
30 de agosto de 2023

No Gabão foram detidos os conselheiros mais próximos do Presidente destituido. Entretanto, há indícios de que o país tem um novo homem forte: o general Brice Oligui Nguema.

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A população saiu à rua das cidades gaboneses para celebrar o golpe de Estado
Muitos gaboneses saiam à rua para celebrar o golpe de EstadoFoto: Desirey Minkoh/Afrikimages/IMAGO

Imagens da televisão estatal mostraram o chefe da guarda presidencial, general Brice Oligui Nguema, a ser levado em ombros por centenas de soldados, alimentando a noção de que se trataria do novo homem forte do Gabão.

Para o jornalista e escritor gabonês no exílio em França, Jocksy Ondo Louemba, o golpe era previsível. "Omar Bongo era alguém que redistribuía muita riqueza, uma espécie de ‘big boss'. Comprava os adversários políticos”. Já o filho era muito diferente: "Pensava que podia fazer tudo com a força e a polícia. Mas como já dizia Napoleão: Pode-se fazer tudo com uma baioneta, menos sentar-se em cima”, disse o analista à DW.

General Brice Oligui Nguema
Imagens da tetelvisão mostam o general Brice Oligui Nguema a ser levado em ombros pelos soldadosFoto: Handout/Gabon 24/AFP

Celebrações nas ruas de Libreville

O Presidente destituído lançou um apelo por vídeo aos seus conterrâneos para virem em sua ajuda, exortando os gaboneses a "fazer muito barulho”.

Mas o barulho que se ouviu nas ruas da capital, Libreville, foi de celebração pelo fim do regime da dinastia Bongo. Este cidadão falou por muitos quando disse à DW: "Estamos contentes. Estávamos fartos. Diga a todos os ocidentais que os gaboneses estão na rua para apoiar os seus irmãos e irmãs militares”.

Ali Bongo encontra-se em prisão domiciliária "rodeado pela sua família e pelos seus médicos" segundo o CTRI. O comité adiantou que um dos seus filhos, Noureddin Bongo Valentin, foi detido por "alta traição", juntamente com seis outros altos funcionários do regime, todos próximos do chefe de Estado.

O Presidente do Gabão Ali Bongo Ondimba
Ali Bongo não terá sabido lidar com os militares, dizem analistasFoto: Witt Jacques/Pool/ABACA/picture alliance

Detenção da "jovem guarda”

Os sete formavam a chamada "jovem guarda” de conselheiros, considerados pela sociedade civil os verdadeiros governantes do país, desde que um acidente cardiovascular em 2018 enfraquecera o Presidente.

A comunidade internacional reagiu de imediato a este oitavo golpe de Estado num país africano francófono em três anos.

Em comunicado, o presidente da Comissão da União Africana (UA) Moussa Faki Mahamat condenou "veementemente a tentativa de golpe de Estado" no Gabão, denunciando-a como uma "violação flagrante" dos princípios da organização continental.

O Alto Representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros, Josep Borrell, disse recear que o golpe no Gabão aumente "a instabilidade em toda a região" central de África.

A China apelou para que "a segurança de Ali Bongo fosse garantida" e a Rússia manifestou a sua "profunda preocupação".