Genocídio: Alemanha foge às suas responsabilidades
9 de julho de 2015
Faz nesta quinta-feira, 9 de Julho de 2015, cem anos, que chegou ao fim o regime colonial sangrento da Alemanha na Namíbia. Mas trata-se de um passado que continua bem presente.
A deputada namibiana, Ida Hoffmann, pertence ao grupo que tentou entregar ao presidente Joachim Gauck pessoalmente, a petição na qual pedem o reconhecimento do genocídio dos povos nama e herero. A política considera ser uma afronta, não só para os namibianos mas também para os alemães, o facto do presidente te recusado recebê-los em pessoa: "Muita gente na Alemanha assinou a petição. O que nós agradecemos. Por isso viemos aqui, mas estamos muito desiludidos", afirmou a deputada namibiana em entrevista com a DW.
Alemanha ainda não reconheceu oficialmente o genocídio
Hoffmann e as organizações não governamentais (ONGs) alemãs exigem um pedido de desculpas oficial pelo massacre dos nama e herero, quando a Namibia era uma colónia alemã. Cerca de 80 000 pessoas foram massacradas no âmbito de um plano de depuração étnica assinado pelo Imperador alemão, Guilherme II, e executado por um dos seus generais de topo, Lothar von Trotta. 80% do povo herero e 50% dos nama foram chacinados. Só em 2004 a ministra do desenvolvimento alemã, Heidemarie Wieczorek-Zeul, pediu perdão aos namibianos durante uma viagem àquele país.
Mas, até hoje, o governo alemão não admitiu oficialmente que se tratou de um genocídio. Por isso, as ONGs que elaboraram a petição têm quatro exigências prioritárias, diz Christian Kopp da associação "Berlin Postcolonial": “Primeiro, o reconhecimento do genocídio, segundo, um pedido de perdão dos principais representantes do Estado: o presidente, o gabinete da chanceler, e, o que seria ainda melhor, o parlamento federal. Em terceiro lugar, queremos que sejam devolvidos à Namíbia todos os restos mortais, e, em quarto lugar, que o Governo negocie directamente com os nama e herero.
Hereros exigem a devolução de ossadas
Um ponto particularmente sensível é a devolução dos restos mortais humanos. No século passado, cientistas trouxeram para a Alemanha caveiras e ossos dos namas e hereros assassinados para fins de pesquisa. Uma parte foi vendida a coleccionadores privados. Calcula-se que ainda se encontrem milhares de cadáveres nos arquivos médicos da Alemanha. Os namibianos pretendem recorrer à Justiça, diz Ida Hoffmann: “O mais importante é que nos juntemos para falar do assunto. Vão ter que ser pagas indemnizações. São incontornáveis".