Genocídio: Namíbia diz que compensação da Alemanha não chega
4 de junho de 2021Após mais de cinco anos de amargas negociações, a Alemanha reconheceu na semana passada que tinha cometido um "genocídio" naquele território da África Austral, que colonizou entre 1884 e 1915, e anunciou o pagamento de mais de mil milhões de euros em ajuda ao desenvolvimento ao longo de 30 anos.
O acordo, aceite pelo Governo namibiano como um "passo na direção certa", foi rejeitado por muitos namibianos, incluindo representantes das comunidades Herero e Nama, em particular devido ao montante negociado, que foi considerado "insultuoso".
"Temos de reconhecer que os 1,1 mil milhões de euros acordados entre os dois governos não são suficientes", disse esta sexta-feira (04.06) o vice-Presidente namibiano, Nangolo Mbumba, num discurso à nação.
Mas "a Alemanha está empenhada em renegociar o montante à medida que as reparações forem sendo implementadas", acrescentou.
A agência de notícias francesa, France-Presse (AFP), pediu um comentário sobre estas afirmações ao Ministério dos Negócios Estrangeiros alemão, mas este recusou-se a comentar.
A ajuda - que deverá beneficiar os descendentes das duas etnias - será utilizada para adquirir terras, construir estradas nas zonas rurais, fornecer água e saneamento, desenvolver energias renováveis e proporcionar formação profissional, afirmou o vice-presidente.
Cinquenta milhões de euros irão financiar um "programa de reconciliação" para preservar os arquivos do passado colonial da Namíbia.
Os crimes cometidos na Namíbia durante o período colonial alemão atormentaram as relações entre os dois países durante muitos anos. Os massacres de dezenas de milhares de pessoas dos povos Herero e Nama pelo exército e colonos alemães, entre 1904 e 1908, são considerados por muitos historiadores como o primeiro genocídio do século XX.