Angola: Acusação a Manuel Vicente ameaça relações com Lisboa
24 de fevereiro de 2017A posição do Governo angolano surge em uma nota do Ministério das Relações Exteriores de Angola, protestando veementemente contra as acusações ao vice-Presidente de Angola, "cujo aproveitamento tem sido feito por forças interessadas em perturbar ou mesmo destruir as relações amistosas existentes entre os dois Estados”.
O Ministério Público (MP) português acusou, na semana passada, o vice-presidente de Angola e ex-presidente da Sonangol, Manuel Vicente, o procurador Orlando Figueira, o advogado Paulo Blanco e o arguido Armindo Pires no âmbito da "Operação Fizz", relacionada com corrupção e branqueamento de capitais.
O Governo português está desde 2016 a preparar a visita oficial do primeiro-ministro António Costa a Angola, prevista para a próxima primavera.
Conhecimento pelos media
O documento refere que as autoridades angolanas tomaram conhecimento "com bastante preocupação, através dos órgãos de comunicação social portugueses", da acusação do Ministério Público português "por supostos factos criminais imputados ao senhor engenheiro Manuel Vicente”.
Para o Governo angolano, a forma como foi veiculada a notícia constitui um "sério ataque à República de Angola, suscetível de perturbar as relações existentes entre os dois Estados".
"Não deixa de ser evidente que, sempre que estas relações estabilizam e alcançam novos patamares, se criem pseudo factos prejudiciais aos verdadeiros interesses dos dois países, atingindo a soberania de Angola ou altas entidades do país por calúnia ou difamação”, sublinha a nota.
As autoridades angolanas consideram que, juntamente com Portugal, as suas relações deviam concentrar-se "nas relações mutuamente vantajosas, criando sinergias e premissas para o aprofundamento da cooperação económica, cultural, política, diplomática e social, como meio de satisfação dos interesses fundamentais dos seus povos”.
Visita da ministra portuguesa adiada
Já esta semana, a visita da ministra da Justiça portuguesa, Francisca Van Dunem, a Angola, que deveria ter começado na quarta-feira (22.02), foi adiada "sine die”, no dia anterior.
O Ministério da Justiça português referiu apenas que a visita "foi adiada, a pedido das autoridades angolanas, aguardando-se o seu reagendamento”.
A visita de Francisca Van Dunem a Angola deveria durar três dias (22 a 24 de fevereiro) e previa esta sexta-feira uma intervenção da governante portuguesa num fórum sobre serviços de Justiça, que está a decorrer em Luanda.