Governo de Angola acusado de negligenciar Cabinda
10 de setembro de 2014É cada vez maior o isolamento da província de Cabinda do restante país, acusa o secretário provincial executivo do partido da oposição Convergência Ampla de Salvação de Angola-Coligação Eleitoral (CASA-CE), José Fernando Lello.
O enclave não tem ligação terrestre com o resto de Angola e depende das importações de produtos dos países vizinhos, como o Congo Brazzaville e a República Democrática do Congo. As altas taxas alfandegárias impostas pelo governo angolano, aumentadas em janeiro deste ano, têm dificultado os negócios dos empresários importadores. Por outro lado, não há investimentos diretos na produção local, ou mesmo na infraestrutura. O resultado é o encarecimento do custo de vida local, o que contribui para a deterioração da situação social e económica da população de Cabinda.
Falta de investimentos
Segundo José Lello, a província de Cabinda encontra-se parada no tempo. O líder da oposição acusou as autoridades de Luanda de egocentrismo para com as populações do enclave: “Nós assistimos em certas províncias a grandes projectos de desenvolvimento que os executivos locais constroem”. Mas em Cabinda, afirma o politico à DW África, só há pequenos projectos como: “reparações de coisas insignificantes, rotundas, construção de piscinas, quando as pessoas precisam de portos, precisam de hospitais, precisam de infraestruturas sociais, que contribuíssem para o próprio desenvolvimento da sociedade cabindense”.
Uma província abundante em petróleo, principal pulmão da economia angolana, que contribui com cerca de 90 por cento para o Produto Interno Bruto nacional, Cabinda não dispõe de nenhum posto aduaneiro. A população, que vive abaixo do limiar da pobreza, recorre frequentemente aos países vizinhos, principalmente à República Democrática do Congo e ao Congo Brazzaville, em busca de melhores condições de vida.
O êxodo da população
Os graves problemas infraestruturais abrangem sobretudo os sectores da Educação e da Saúde, e são um motivo maior para a emigração. Muitos cabindenses abandonam a província em busca de formação noutros países, de acordo com o líder da CASA-CE no enclave de Cabinda, José Lello: “Não só a formação superior, mesmo a formação média. O instituto de ensino médio, por exemplo, no início do ano, só tem 30 ou 40 vagas para um universo de 200 ou 300 alunos. A Universidade 11de Novembro nem recebe 50 estudantes por ano”. Por isso cresce a necessidade de recorrer aos países vizinhos, remata o político, acrescentando:”Os serviços de ensino público que temos aqui não satisfazem a necessidade da população.
Acusação de escravatura
O secretário da coligação de Abel Chivukuvuku, e antigo jornalista vai ainda mais longe nas suas acusações contra o Governo do Presidente José Eduardo dos Santos, dizendo que a população de Cabinda vive na condição de escravos: “Cabinda é o pulmão da economia angolana, mas Cabinda não beneficia praticamente nada”.