Governo moçambicano admite falta de apoio ao cultivo do caju
27 de junho de 2012O poder executivo de Moçambique reconhece que a produção de caju, em território nacional, está cada vez mais fraca. O motivo é a falta de um programa estruturado e financiamento para a pesquisa do pseudofruto, na intenção de melhorar o desempenho do setor.
Faltam especialistas à altura dos desafios, além de mais contato com o meio rural. Francisco Caetano, extensionista rural, explica que das cinco mil mudas distribuídas em 2011, na região de Manjacaze, na província de Gaza em Moçambique, ainda não se sabe quantas efetivamente irão vingar. "O aumento da produtividade pode não efetivar-se por diversas razões que podem estar ligadas ao mau uso de tecnologias", esclarece Caetano.
Outro problema é o preço baixo que os camponeses são obrigados a vender o caju às empresas exportadoras. O comerciante Eugénio Passo vende um quilo de caju a dez cêntimos de euro, quando o ideal seria o dobro.
"Há famílias que têm castanha e não conseguiram comercializar porque os preços foram muito baixos e ficaram à espera dos melhores preços e a campanha terminou. O ideal seria o maior preço possível. Na campanha 2010/2011, por exemplo, o preço médio era 18 cêntimos de euro", conta Passo.
O que dizem as autoridades
O diretor do Instituto Nacional do Caju, Raimundo Matule, disse que não existe um programa de investigação a longo prazo e que por isso, os produtores não estariam recebendo tecnologias suficientes, necessárias para o cultivo do caju.
"É preciso que todo o setor cresça de forma sustentável, numa investigação aplicada que possa resolver problemas ao nível da produção e ao nível de processamento fundamentalmente", explica Matule.
No Instituto de Investigação Agronómica, constata-se um insuficiente ritmo de renovação e baixos níveis de produtividade do parque cajuícola, diz ainda Matule.
O mercado cajueiro
Moçambique é o sétimo maior produtor mundial de caju e quarto quando levado em consideração apenas o continente africano.
Na indústria de processamento ocupa o primeiro lugar em África e o quarto no mundo. Mas ainda assim, está longe do Vietname, da Índia e do Brasil, fortes neste setor.
O caju é a principal fonte de renda de mais de um milhão de produtores rurais em Moçambique. Trata-se de uma importante atividade económica para milhares de pequenos, médios e grandes comerciantes, formais e informais.
Autor: Romeu da Silva (Maputo)
Edição: Bettina Riffel