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Governo são-tomense redistribui terras para combater pobreza

Ramusel Graça (São Tomé)22 de julho de 2013

Até julho de 2014, serão redistribuídas em São Tomé e Príncipe cerca de 1500 parcelas de terras abandonadas. O objetivo do Executivo é combater a pobreza através do aumento da produção e da produtividade agrícolas.

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Jovens residentes nas comunidades agrícolas são os beneficiários desta iniciativaFoto: DW/R. Graça

O Governo são-tomense está a confiscar títulos de posse de terra a agricultores que têm parcelas para o desenvolvimento da agricultura que estão abandonadas há já 22 anos. O gabinete de reforma fundiária do Ministério da Agricultura, Pescas e Desenvolvimento Rural já identificou cerca de 70 áreas de plantação na região centro de São Tomé para serem redistribuídas.

“Não nos podemos dar ao luxo de ter terras abandonadas neste país, se quisermos combater a pobreza no meio rural”, disse o engenheiro agrónomo Carlos Pascoal, responsável pelo sector da Agricultura e Pescas, dirigindo-se aos agricultores das comunidades agrícolas de Pinheira, Guegue e Uba Budo, onde o processo terá  início este mês.

Ein Bauer aus São Tomé und Príncipe
Já foram identificadas cerca de 70 áreas de plantação para serem redistribuídasFoto: DW/R. Graça

Carlos Pascoal sublinha também que “cada pedaço de terra terá de ser devidamente utilizado e explorado para que as pessoas tenham melhores rendimentos” e possam, assim, “sair da pobreza”.

Beneficiários jovens

O agricultor Teodorico Campos diz que a política do Executivo de Gabriel Costa tem vantagens. “Estamos a apostar em produtos biológicos. E, ainda que seja numa zona de cacau convencional, não será aconselhável utilizar produtos químicos para o abate de ratos”, recomenda. Descreve ainda a redistribuição de terras abandonadas como “uma mais-valia” para o país.

Governo são-tomense redistribui terras para combater pobreza

O Governo elegeu jovens residentes nas comunidades agrícolas como os novos beneficiários, numa nova política que tem como finalidade combater a pobreza através do aumento da produção e da produtividade, garante o ministro da Agricultura, Pescas e Desenvolvimento Rural, António Dias.

“Vamos criar uma equipa de assistência técnica para apoiar estes jovens que vão receber as parcelas de terra”, declarou, adiantando que está também a ser equacionada a hipótese de pôr à disposição desses jovens um kit de materiais (composto, entre outros, por botas, limas e ganchos ) para que no futuro tenham um fonte de rendimentos. Segundo o ministro, estima-se que haja atualmente cerca de 25% de parcelas abandonadas.

Revitalizar produção de cacau

Segundo dados estatísticos disponíveis, as terras férteis para a produção de cacau caíram drasticamente em comparação com o período colonial. Nessa época, “com apenas 15 grandes unidades agro-industriais, os portugueses chegavam a produzir 55 mil toneladas de cacau, numa área de 60 mil hectares de terras.”

Kakaofrucht auf São Tomé und Príncipe
Governo são-tomense quer aumentar as exportações de cacauFoto: DW/R. Graça

Por isso, segundo o titular da pasta da Agricultura, o objetivo é agora tentar aumentar as exportações de cacau de São Tomé e Príncipe.

Após a independência do país em 1975, a queda na produção foi bastante acentuada, e a exportação do cacau não foi além das 12 mil toneladas, enquanto na década de 1980 o principal produto nacional de exportação baixou para três mil toneladas.

A reforma agrária influenciada pelo Banco Mundial, na década de 1990, desmantelou o tecido produtivo deixado pelos colonos portugueses. As terras tornaram-se improdutivas dando lugar ao êxodo rural, com muita mão-de-obra a abandonar as roças para a cidade, em busca de melhores condições de vida.

Com cerca de 180 mil habitantes, no Golfo da Guiné, São Tomé e Príncipe beneficia de uma situação geográfica excepcional. O país dispõe de todas as condições climatéricas favoráveis, nomeadamente terras de origem vulcânica, solo fértil e boa temperatura para a produção do cacau.

Kakaofrucht auf São Tomé und Príncipe
São Tomé e Príncipe tem boas condições climatéricas para produzir cacauFoto: DW/R. Graça
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